segunda-feira, 5 de março de 2012




UM VERDADEIRO AMOR



Um verdadeiro amor é aquele que jamais mente, dissimula ou engana. É um amor honesto, franco, sem interesse, fiel e resignado. É um amor sensível, presente, acolhedor e amigo. É aquele capaz de comunicar-se telepaticamente ao amado e por ele sacrificar a própria vida. É aquele que aceita ser inferior e obedece com submissa resignação pelo fato de amar, mas por esse amor muitas vezes também se exalta, explode e exige direitos. É aquele amor que se deixa ser escravo pela força de seus sentimentos, porém, por amor exige respeito às suas opiniões e pontos de vista.
Um verdadeiro amor não acaba, modifica-se com o tempo para tornar-se mais sublime. É o amor da compreensão, das atitudes e sentimentos do prazer e do doar-se. É o amor que descobre pensamentos, pressente os estados de alma do amado. É o amor de premonição de telepatia. É o amor do CÃO pelo seu DONO.


MEU TUDO

Chama-se Nietzsche, inusitado amor,
Peralta e manhoso, soberbo cão de raça.
Aquece meu viver, acalma-me a dor,
Alegra-me a casa com jeito e com graça.

Tem o nome de um filósofo e o porte de um rei
É ídolo em minha vida, sublime missão.
Dedica-me amor que nunca esquecerei,
Acalma-me o espírito e vê-me o coração.

Tem da beleza a graça quando a doce calma
Do lar em seu ser reflete esse fulgor.
Mas fúria demonstra, transforma-lhe a alma
Ao penetrar-lhe estranhos nos umbrais do amor.

De manhã cedinho, à luz da alvorada,
Acorda-me suave, com a ponta do nariz.
Ligeiro abrir-lhe as portas e ir para a caçada
No quintal, no jardim. É caçador aprendiz.

Reconhece-me a voz e demonstra alegria,
Aos agrados gentis reflete sentimentos.
Gosta de carícias, de afagos e com magia
Consagra-me a vida em todos os momentos.

Em suas refeições, feliz logo me atende
Ao ver-me com seu prato, de pronto a lhe chamar.
À gostosa comida o seu olhar se prende
E com gula de um leão contente a devorar.

Atende-me, prontamente, em submissão,
Entende o que lhe falo a todo o momento.
Ao aumentar-lhe a voz por repreensão,
Corre a deitar-se em grande sofrimento.

Porém, se brando falo, fazendo-lhe carinho,
A cauda ele balança em gostoso prazer.
Em meus braços, manhoso, quer logo fazer ninho,
Sentir grandes carícias e de amor morrer.

Segue-me, matreiro, a casa a percorrer,
É-me uma sombra no meu constante andar.
Se o sono lhe bate, deita-se com prazer
Brincar de esconde-esconde fico a lhe procurar.

Da tosa quando chega, bonito e bem banhado,
Gravata de filósofo, de fidalgo rei,
Namorar já quer, é viril e danado,
Arranjar-lhe uma cadela, de fato eu irei.

Sente-se prazeroso quando o laço pego
Amarrando-lhe ao pescoço para passear.
Também fico contente, transborda-me o ego
E saímos nós dois, felizes a caminhar.

Na rua, na esquina, no quarteirão, na praça,
Fareja a todo instante como a procurar
Um tesouro perdido, um osso, uma graça
E o organismo, atento, quer descarregar.

Ligeiro então atende a esse seu desejo,
Levanta a patinha e sem pudor nenhum
Despeja ali num canto o líquido, o sobejo,
Não fica aliviado, falta o desjejum.

Daquela poça d’água, a dois passos somente,
Abaixa a trazeira e bem rente ao chão
Despeja com vontade algum resíduo quente,
Num saco, com cautela, apanho de antemão.

Nas noites de insônia, em vigília constante
Fica esse cão de guarda feliz a me servir.
Queixo debruçado nas patas a todo instante
E eu sempre a teclar, meus versos a redigir.

Em minhas viagens à querida serra
Levo-o, faceiro, no colo a pular
De um lado pro outro, quando a brisa encerra
Gostosas carícias em seu meigo olhar.

Nietzsche, belo cão, você é  meu tudo,
Companheiro amigo, fiel acolhedor.
Ao falar-lhe tanto, você me fica mudo,
Mas eu bem compreendo o seu au au de amor.

Por
Iolanda








"Quem nunca compartilhou o seu amor
com qualquer animal,
 ainda que tenha vivido 100 anos,
não viveu a vida plenamente!"



2 comentários:

  1. Lindo texto! Parabéns pelas belas palavras, continue sempre a escrever para que nós visitantes do seu blog, possamos continuar lendo, lendo.Sempre!

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