CARTAS AO PAPAI NOEL
CARTAS AO PAPAI NOEL
Quando criança, aproveitei bastante
A minha meninice, a pura inocência
De uma criança alegre, num embalar constante,
Na vida feliz em grande permanência.
Da segunda infância e também da terceira
Todas as etapas eu vivi com alegria.
Fui criança risonha e menina cabreira,
Nunca passei, em minha vida, nostalgia.
Da adolescência e da minha adulta vida
Lembro-me de realizações, grandes vitórias.
Nunca queimei etapas, nunca fui vencida,
Vivi todas elas em tempos de glórias.
Vivi feliz a etapa do “grande faz-de-conta”,
Dos sonhos de criança, da grande magia.
Da adolescência, então, meu coração remonta
Os retalhos do amor, da paixão e da alegria.
Quando criança acreditava no Papai Noel
Na Noite de Natal a nos presentear.
Daqueles fatos a saudade “amarga como fel”
Quando da minha infância fico a recordar.
Sou a terceira filha de uma prole imensa,
Mas meus pais arranjavam, de fato, um jeitinho.
Nunca eles queimaram essa fase intensa,
E na Noite de Natal tinha sempre um presentinho...
...No chinelo de cada um de nós, seus oito filhos,
Que tínhamos adormecidos na grande esperança.
E ao acordarmos, nos olhos grandes brilhos,
Ao percebermos que Papai Noel tinha tido a doce lembrança...
...De ter deixado para nós umas “coisinhas”:
Bombons, suspiros, doce merecido,
Cadernos, carrinhos, bolas, bonequinhas,
Uma lembrança, por menor que tenha sido.
Mesmo sendo simples aqueles presentes,
Nossos corações agradeciam, então.
Éramos crianças dóceis, puras e inocentes,
Tudo era bem vindo, nada era em vão.
Mas a gente observava, de fato, e comparava
Com as dos amigos as nossas lembranças.
Porém, nossa mãe, de tão sábia, acalentava:
“Papai Noel está pobre, não tem abastanças!”
Isso era o suficiente pra nos confortar,
E aquele acalento nos aquietava.
Com os presentes simples passávamos a brincar,
E trocando os mesmos a gente ficava.
Cada presente era mágico e se transformava
Ora em bola, boneca, carrinho, coisa assim,
Naquele inocente trocar a gente acalentava
Nossos sonhos de criança, nosso mundo, enfim.
Porém, a mana Dodô teve a esperteza,
Com a prima Miriam de resolver fazer
Perto do Natal seguinte, com grande beleza,
Cartas ao Papai Noel e a ele, então, dizer:
“Todas nós estamos sendo boazinhas na escola,
E somos boas filhas pra mamãe e pro papai,
Que o senhor, Papai Noel, nos traga em sua sacola
Presentes grandes e bonitos, bem pequenos nunca mais.
Quero, se possível, uma boneca ‘Pierina’,
Tipo aquela que na loja do ‘Seu’ Aurélio tem.
Pois esse é, de fato, meu maior sonho de menina,
Que Papai Noel realize este meu pedido. Amém!”
Para as manas, Dodô pediu que Papai Noel trouxesse
Outros presentes melhores do que no Natal passado:
Bonecas de cabelo, que dormisse e que "chorasse",
Pois com essas bonecas elas nunca tinham brincado!
E que presenteasse também ao nosso mano Benjamim
Com uma bicicleta grande para ele passear.
Pois também tinha sido um bom menino, enfim,
E que na escola, com gosto, estava sempre a estudar.
Já a prima Miriam pediu a mesma boneca
Que lá no “Seu” Aurélio estava exposta no balcão.
Pois no Natal passado tinha ganhado uma peteca,
E esse mesmo brinquedo não mais queria ganhar, não.
Para o primo Elano, Miriam pediu um violão
Daqueles de corda, bem grande e bonito.
Pois ele gostava de tocar e de fazer canção
E isso na sua cartinha ela colocou escrito.
Depois de redigidas e envelopadas as cartinhas,
Elas as levaram e as colocaram na Igreja,
Bem atrás de um santo e correram as criancinhas
E ajoelharam-se no altar, naquela grande peleja...
...De serem atendidas em seus pedidos inocentes
Na Noite de Natal por aquele bom velhinho.
Porém, no dia seguinte o que viram, conscientes,
Foi o sacristão varrendo as cartas, ligeirinho.
Era o Etevaldo, naquele tempo, o sacristão,
Que fazia as vezes de zelador da Igreja.
Varreu as cartas, colocando-as na coxia, então,
E as meninas ficaram tristes com aquilo, ora veja!
Mas quando ele deu as costas, ligeiras apanharam
Todas aquelas cartinhas, escritas de coração.
E atrás do santo novamente as colocaram
E ficaram a torcer, numa grande empolgação.
Na manhã seguinte ao voltarem pra saber
O destino de suas cartas, de seus pedidos de Natal,
Encontraram o Etevaldo, de novo a Igreja a varrer,
Mas das benditas cartinhas um sumiço bem total!
E na Noite de Natal foi daquele mesmo jeito:
Um presentinho aqui e outro ali a satisfazer.
Minha mana Dodô deduziu, uma dor no peito:
“Papai Noel não teve como as cartinhas receber!”
Por
Iolanda
Extraído do livro "Minha Palmácia de Ontem"
...Ai, ai! Sr. Etevaldo, as cartinhas eram tão importantes. kkk! Apesar de não ter chegado nas mãos do Papai Noel, a história das "cartinhas" é triste, mais engraçada. Que coisa einh!? INFÂNCIA LINDA Á SUA! Porque escrever é bom, mas ter o privilégio de falar sobre si, com fatos verídicos e de compartilhar histórias cheias de emoções sobre si e sobre os outros, é mais gostoso pra quem escreve e mais contagiante ainda pra quem lê! Beijos
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