sexta-feira, 6 de janeiro de 2012


RÉVEILLON 2012, UMA VOLTA AO PASSADO!


Tardezinha. O Sol escondia-se no poente, deixando transparecer no céu um resquício de luminosidade a se espalhar sobre o veludo esverdeado das serras que enfeitam a pequena cidade de Palmácia, no maciço de Baturité. Era o último dia de 2011. A praça principal se preparava para a festa da virada do ano e em torno de toda a movimentação a natureza se exaltava, cobrindo a cidade de um clima frio e saudável, envolvendo-nos numa brisa gostosa, enquanto andorinhas faceiras em revoadas voavam do cume da igreja para os telhados das casas comerciais num chilrear vibrante. Tudo isso eu observava. E talvez fosse a única a me deleitar com tamanha generosidade da mãe natureza! Relanceei meu olhar ao longe e vislumbrei São Francisco de Assis abençoando a cidade, bem do alto da torre da igreja matriz. A ele fiz uma prece em regozijo a tão belo fenômeno:


“Senhor, fazei-me instrumento de Vossa paz!”.

 A tarde desaparecia cada vez mais e ligeiros os trabalhos em torno da praça eram executados. Sentada na calçada da minha casa paterna, ao lado de irmãos e amigos, eu observava todo o movimento: homens, mulheres e jovens trabalhavam. Um palco estava sendo montado ao lado da igreja e mais tarde serviria de abrigo à Banda Nostalgia, que nos transportaria em sonhos aos “Anos Dourados”, numa festa à moda antiga. Pipoqueiros, sorveteiros, trailers e outras pequenas barracas com bebidas e guloseimas eram montadas na praça. E para a alegria de toda a criançada, via-se sendo montados também um Pula-pula e um Castelo de bolas. Eu estava feliz e me encontrava tão ansiosa quanto às crianças que volteavam a praça. Elas, pelos brinquedos que estavam sendo montados; eu, pela “Festa Anos 60” que aconteceria noite adentro... Os episódios dos meus “Anos Dourados” ficarão na minha lembrança para sempre e eu iria vivê-los nesse réveillon 2012. Decorridos mais de trinta anos, iria sentir novamente a sensação agradável de ser jovem, de curtir por instantes a alegria de uma mocidade vivida em toda a plenitude, em todo o esplendor, onde guardo na memória aquela felicidade sem limite e, n’alma, todo o carinho e o encanto de uma juventude saudável, inocente...
É bom comentar aqui que, dentre as inúmeras coisas que passaram pela minha vida, durante a minha mocidade, uma vale a pena ser repetida quantas vezes for preciso: uma “festa de arromba”! Eis aí o porquê de tamanha ansiedade! Naquele final de tarde estava eu a suspirar como uma menina-moça à espera de um baile maravilhoso...
Retornei à casa paterna. Entrei. Já era noite. De relance, entre a porta aberta, observei as poucas estrelas no firmamento anunciando que iria chover! Fiquei triste... Acabaria com a festa que nem havia começado! Desmoronaria meu castelo de sonhos! Não! A mãe natureza não poderia ser tão ingrata comigo! De repente, elevei os olhos para a torre da igreja e expus mais uma oração ao meu santo protetor e protetor da natureza:


“Onde houver dúvida, que eu leve a fé!”

Meu São Francisco não poderia me faltar! Ele nunca me faltou! E a certeza veio rápida. Não, não choveria! Subi a escada e já no meu pequeno apê pus-me a preparar minhas vestimentas e acessórios para a passagem do ano. Vestiria branco. O branco da paz. A tão almejada paz. Sim. Apesar de tanta violência no mundo, eu me encontrava em paz, graças a Deus, e queria continuar...  Somente um rasgo de preocupação com a greve dos policiais militares, em Fortaleza, pelo que poderia acontecer... Nem com minhas filhas eu estava preocupada. Sei as filhas que tenho. Moldei-as quando pequenas. As palmadas serviram! Por isso sou contra a lei que aboliu as palmadas. Minhas filhas ainda hoje ouvem meus conselhos. Estavam longe, na praia de Flexeiras... Conselhos foram dados. São maiores de idade. Se tombarem, que aguentem o tombo! Fiz minha parte.
Abri o chuveiro. A água estava gelada! Num canto do banheiro surpreendi-me com a melodia de um grilo. Voltei-me para o chuveiro e atirei-me ligeira à água em banho refrescante. Não pude fugir-me àquela delícia, apesar do frio da serra. Ainda no banho, vislumbrei, pelo vitrô, a belíssima lua escondida no horizonte, parecendo descer por trás das serras e pus-me a cantarolar e a ensaiar uns passos saudosos de twist, fazendo uma associação dos fatos presentes:

“Fui à praia me bronzear, me queimei, escureci
Mamãe bronqueou, nada de sol
Hoje só quero a luz do luar.
Tomo um banho de lua, fico branca como a neve
Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, oh! luar tão cândido.
Sob um banho de lua, numa noite de esplendor
Sinto a força da magia, da magia do amor
É tão bom sonhar contigo, oh! luar tão cândido.
Tim, tim, tim, raio de lua, tim, tim, tim, baixando vem
ao mundo oh! lua, a cândida lua vem.
Tomo um banho de lua, fico branca como a neve
Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, oh! luar tão cândido.
Tim, tim, tim, raio de lua, tim, tim, tim, baixando vem
Ao mundo, oh! lua, a cândida lua, vem.
Sob um banho de lua, numa noite de esplendor
Sinto a força da magia, da magia do amor
É tão bom sonhar contigo, oh! luar tão cândido.”

Tinha-me demorado no banho. Aprontei-me ligeiro. Não queria perder nenhum “lance” da noite! Desci as escadas. Sapatos novos apertando. Sempre é assim... Mas tinha que amaciá-los... Eu era jovem nessa noite, aguentaria os calos até o final da festa! (risos).
A praça já estava cheia, muitos jovens, muitas crianças e muito mais ainda senhoras e senhores quarentões, cinquentões e até sessentões... A festa era nossa! Os jovens que se intrometessem, se quisessem dançar.
Como é fácil explicar e tão difícil compreender: os tempos não voltam jamais! Quase tudo poderemos ter de volta: uma prenda, um amor, um amigo, mas o tempo jamais! Resta-nos insinuar! Fazer parecido! Sonhar! Mas o real do tempo passado nunca mais! Portanto, nessa noite estava aberta a porta do meu coração e as janelas da minha memória: reviveria um pouco da minha saudosa juventude através da música e da dança. É... a música é de grande importância para tal situação. Ela nos faz recordar e viver novamente através de um sonho...
Sentei-me na calçada. A velha calçada do “Seu” Renato, com suas três janelas, famosas pelos namoros dos anos 60. Tinha numa delas um casal de jovens aos beijos! Estava faltando o “Seu” Renato para derramar por entre as brechas da janela a sua famosa “gororoba” (como ele chamava), a fim de afugentá-los. Cadê a “gororoba” de borra de café, colorau, água e óleo que o "Seu" Renato fazia? Cadê o “Seu” Renato? Nunca mais! O tempo não volta... Remoi as saudades do papai. Que Deus tomasse conta dele...
De volta ao presente, notei a animação na praça.  Algumas mesas com gente bebericando. Pensei em tomar uns drinks e alertei minhas manas Bebeca e Socorro: “Vamos tomar umas cervejas?”. Elas toparam na hora! Precisávamos nos empolgar mais ainda para a “festa de arromba”. Nos empolgar não, “criar coragem” mesmo! Para podermos dançar sem vergonha de estar nos expondo... Com a grana de uma cota, pedi ao meu digníssimo marido que fosse comprar as cervejas. Degustaríamos aqui mesmo, na calçada, entre uma conversa e outra, na espera da banda começar a tocar. E como tira-gosto nada melhor do que o famoso caldo da nossa vizinha Marieta. Quentinho é uma delícia!
Abençoada terrinha. A noite se diluía em prazeres.  Prazer em estar entre familiares. Prazer em rever os parentes. Prazer em rever os amigos... Enquanto pelo interior da casa do “Seu” Renato, nesses dias e nessa noite, era um corre-corre de crianças cheias de contentamento, seus netos e bisnetos, na calçada ampla e movimentada, a mais central da rua, observava-se a presença de seis de seus oito filhos: Dodô, Iolanda, Socorro, Benjamim, Bebeca e também a Joana D’arc, que tinha chegado há pouco, como o marido e os dois filhos rapazes. A Lúcia e a Neta estavam ausentes. Mamãe também estava na calçada e, com certeza, papai estava também, em espírito. Nunca perdia uma animação...
Entre um drink e outro a conversa se animava. Acendiam-se cigarros e todos fumavam: os fumantes e os não fumantes, pois a fumaça tomava de conta. Logo o entusiasmo acendeu labaredas na mente e na boca de todos. Efeitos de bebedores de primeira viagem. Estávamos alegres e gargalhávamos em conversas animadíssimas. Nesse íntere, os amigos iam passando na calçada, à nossa frente. Amigos do dia-a-dia e também amigos que não víamos há tempo. Vi minha amiga Érida Barbosa, gatíssima! Amiga do tempo de criança. Estava acompanhada da nora, da filha Jordana (minha amiga virtual recém chegada de uma temporada nos Estados Unidos, por sinal, muito inteligente e estudiosa e com grande domínio da língua inglesa) e também de quatro netos: um bebezinho de colo e três lindas garotas, dentre elas a pequena escritora Luana, de apenas 11 anos, intelectual desde criança. Fiquei admirada com a mentalidade dela. E gosta de escrever! É dom! Já se nasce com ele. 
Vi ainda outro conterrâneo que não via desde criança, mas que é meu amigo virtual, o Helder Campos, filho do saudoso Carlos Campos, grande funcionário da prefeitura de Palmácia e filho ilustre da nossa terra. Helder estava acompanhado de seu irmão Euclides e de seu cunhado Aurilo, que não via há uns trinta anos... Ele mudou muito!
Grande era o movimento na praça às últimas horas do ano velho. O número de pessoas se havia multiplicado de modo fora do comum. Os bancos da praça estavam repletos! Homens e mulheres, novos e velhos, formavam pequenos grupos e conversavam com gestos e palavras de alegria. Viam-se-lhes nos olhos a expressão de felicidade e bem-estar. Crianças não se cansavam do Pula-pula e do Castelo de bolas, esvaziando a cada instante os bolsos de seus pais. Os quarentões, cinquentões e até sessentões, todos irrequietos. Notava-se-lhes a expectativa do baile. E entre eles estava eu, mais irrequieta ainda. E a banda tardava... 
As coisas se passavam dessa maneira quando ouvimos o primeiro toque. Começamos a cantar e a bater palmas no ritmo musical, enquanto muitos já se aproximavam do palco para a dança. Pouco tempo depois houve uma pausa nas músicas... Ficamos nos perguntando o que teria sido. Momentos depois continuaram a tocar. E todos nós vibramos. Até as estrelas no céu, que eram poucas, seguravam a neblina que teimava em querer cair e caía de mansinho, para não espantar o povo. Mamãe, que ainda estava na calçada, abriu seu guarda-chuva e lá mesmo ficou, absorta em observar os passantes: crianças, jovens e velhos. As crianças a pular e a correr na praça, em brincadeiras animadas; os jovens em grupos conversando e, vez por outra, a soltar bombas, que assustavam meu cachorrinho Nietzsche, que se encontrava triste dentro do apê; alguns quarentões já "pra lá de Bagdá", pelo efeito da bebida; e a gente na calçada. Mais cervejas foram compradas e consumidas. A banda a tocar e a gente a cantar:

“Ana Maria entrou na cabine
E foi vestir um biquíni legal
Mas era tão pequenino o biquíni
Que Ana Maria até sentiu-se mal
Ai, ai, ai, mas ficou sensacional.
Era um biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho
Mal cabia na Ana Maria
Era um biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho
Que na palma da mão se escondia.
Ana Maria toda envergonhada
Não quis sair da cabine assim
Ficou com medo que a rapaziada
Olhasse tudo tim tim por tim tim
Ai, ai, ai, a garota tá pra mim.
Era um biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho
Mal cabia na Ana Maria
Era um Biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho
Que na palma da mão se escondia.
Ana Maria olhou-se no espelho
E viu-se quase despida afinal
Ficou com o rosto todinho vermelho
E escondeu o maiô no dedal.
Acabou toda folia
Da mocinha da cabine
Mas quem é que não queria
Ver a moça no biquíni?”

Começou a contagem regressiva para a virada do ano. Faltavam apenas dez segundos: dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um... ANO NOVO! SALVE 2012! Houve uma explosão de bombas e o show pirotécnico se iniciou por trás do mercado, elevando aos céus aquela paisagem de estrelas artificiais que mais pareciam naturais ao subir no firmamento, misturando-se com as verdadeiras.  Lindo! Não sei quanto tempo durou, mas foi o suficiente para apreciarmos tamanha beleza, ao mesmo tempo em que cada um fazia uma meditação sobre a vida, sobre o mundo! Depois começaram os abraços, os brindes... Não esqueci de elevar meus olhos a São Francisco de Assis, como faço todos os anos, e invocar-lhe:

“Ó Mestre, fazei que eu procure mais
Consolar que ser consolado
Compreender que ser compreendido
Amar que ser amado
Pois é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive para vida eterna.”

 A Banda Nostalgia entoou um gostoso carnaval, porém um carnaval que eu chamo de verdadeiro, não essas “besteiras” de hoje, que me perdoem os jovens, mas umas marchinhas saudosas do meu tempo de mocidade:

“Cidade maravilhosa,
Cheia de encantos mil!
Cidade maravilhosa,
Coração do meu Brasil!
Cidade maravilhosa,
Cheia de encantos mil!
Cidade maravilhosa,
Coração do meu Brasil!
Berço do samba e das lindas canções
Que vivem n'alma da gente,
És o altar dos nossos corações
Que cantam alegremente.
Jardim florido de amor e saudade,
Terra que a todos seduz,
Que Deus te cubra de felicidade,
Ninho de sonho e de luz.”

Depois de cumprimentarmos os familiares e amigos, desejando-lhes um Ano Novo cheio de paz, saúde e prosperidade, eu e a mana Socorro saímos a pular no meio do povo, em um duplo cordão, até chegarmos a frente do palco e lá ficamos a nos deliciar com as músicas carnavalescas. E como o tempo não volta jamais, eu entrei no túnel do tempo e fui buscar minha mocidade. Insinuei e vivi! Vivi e revi meu tempo de jovem, nos carnavais de outrora, brincando no bloco “As Tesouras Imperiais de Palmácia” ou ainda no bloco “Anjos do Gado”, nas noites carnavalescas do Centro Comunitário Clementino Rodrigues Campelo (em memória ao meu bisavô) e nos carnavais de rua, sob o comando do saudoso Airton Barbosa Luz...
Pulei e vivi! Cenas e mais cenas passavam-se na minha mente como um filme maravilhoso de uma mocinha enamorada! Enamorada do mundo! Cheia de felicidade! Cada música uma recordação! E eu pulava sem vergonha de me expor! Eu era jovem! Tinha quinze anos... O tempo não volta! Mas eu sonhava e acontecia! Estava hipnotizada! O tempo não volta! Mas voltei no tempo! Voltei e vivi! E fui feliz...! "Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé".
Tudo contribuía para o retorno no tempo: as músicas, a dança, os amigos, os drinks... Estávamos na frente do palco, igual como fazíamos antigamente! E os amigos também eram os mesmos. Cada um revivendo aquela época gostosa, sentindo-se jovem, lembrando de como tudo era diferente, onde não existiam maldades, nem drogas e a violência andava muito longe... Cada amigo com o rosto marcado pelo tempo!  Tempo cruel que estraga tudo!
Volvi meus olhos! Apalpei meus braços! O sonho era real! Estava no túnel do tempo! E o túnel era profundo! Caminhei em suas bases e revi os amigos de infância e juventude: Neide Campos, Eneida Campos, Érida Barbosa, Aragão Brito, Jerônimo Fernandes, Filipe Fernandes, Gilsinho Macambira, Aila Calu, Maestro Calu, Célia Ananias, Zé Iran Guedes, Stênio Guedes, Margarida Farias – a “Guida” e muito mais... Ao ver a “Guida” senti-me emocionada por ela lembrar-me a Mirian Campelo, sua grande amiga e minha prima. A Mirian era demais! A felicidade em pessoa... Não perdia um carnaval, uma festa! Fechei meus olhos por um instante e cenas fantásticas dos filmes da minha vida voltaram. Revi a Mirian pulando carnaval no Centro Comunitário, com suas vestimentas brilhantes de lantejoulas, enfeitadas por minha tia e madrinha Ieda, sua mãe. E ela a pular no salão, com os braços para cima, morena alta, magra, a cantar alegremente:  

“Bandeira branca amor
Não posso mais
Pela saudade que me invade
Eu peço paz
Saudade mal de amor de amor
Saudade dor que dói demais
Vem meu amor
Bandeira branca eu peço paz.”

Cadê a Mirian? Cadê a tia Ieda? O tempo levou! A morte impetuosa as levou para nunca mais voltar! Cadê o nosso rei do Maracatu? Cadê o Airton Luz? Nunca mais... Deus os tenha em um bom lugar!

“Quanto riso, oh! quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Está fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou e te beijou meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval.”



As músicas carnavalescas cessaram e a Banda Nostalgia voltou a tocar as saudosas músicas dos anos 60. Foram muitas! Muitas internacionais, da época... Vendo minha grande euforia, meu digníssimo marido trazia mais latinhas de cerveja.  Ele também estava bebericando, mas curtia de longe, do seu jeito! Minha mana Bebeca não perdia um toque, sempre na pista de dança com o Everton, seu marido. A mana Joana D’arc também dançava com seu marido, o Moura. Já a mana Dodô entrelaçava entre um grupo e outro, no seu característico passo de twist (risos). Até minhas sobrinhas, Fabíola e Cristina, deixaram a juventude de lado e dançaram o nosso twist. É, elas foram aculturadas, sempre presenciaram sua mãe, Socorro, e suas tias relembrando através da música e da dança uma juventude saudosa. Eu e a mana Socorro procurávamos seguir o ritmo da música, mas o asfalto estragado não ajudava muito. Entre uma música e outra saudávamos os amigos, numa alegria contagiante. Tiramos fotos, mas até o momento não consegui quem me enviasse algumas para postar aqui...
Legal foi ver a amiga Érida Barbosa dançando com o Aragão Brito, seu digníssimo marido. Os dois estavam empolgadíssimos. Ao observá-los me lembrei de quando namoravam e das tertúlias que fazíamos em casas de amigos. Sei que também a amiga Érida estava, como eu, revivendo aquele tempo que ficou para traz e que nos deixou muitas saudades... Ao dançar twist, o casal Aragão X Érida mostrou que ainda é jovem. E todos nós executávamos passos da dança dos anos 60, aquele twist que empolgava os "brotos" nos embalos a curtir. De repente a Banda Nostalgia entoou uma música que tocou fundo em nossos corações... E todos nós dançamos com euforia! Dançando e cantando o casal Aragão X Érida também rodopiou na pista, mostrando como se dançava La Bamba nos nossos "Anos Dourados"...

"Para bailar la Bamba
Para bailar la Bamba
Se necesita una poca de gracia
Una poca de gracia
Para mi y para tiv Ahi arriba ahi arriba
Ahi arriba ahi arriba
Por ti sere
Por ti sere
Yo no soy Marinero
Yo no soy Marinero
Soy Capitan soy Capitan
Bamba Bamba Bamba Bamba
Bamba Bamba Bamba
Para bailar la Bamba
Para bailar la Bamba
Se necesita una poca de gracia
Una poca de gracia
Para mi y para tiv
Ahi arriba ahi arriba
Para bailar la Bamba."


Já quase no final da festa senti-me cansada e resolvi parar de dançar. E nada melhor do que sentar no batente daquela porta proibida, a “Porta do Pecado”, bem ao lado do palco. Ali, no meu tempo de criança, os namorados se agarravam e as crianças deveriam passar longe dela! Quem não se lembra da “Porta do Pecado”? Todos do meu tempo devem lembrar! E lá sentei! Sentei e recordei nossa candura ao passarmos sempre longe dela, com medo!
É... Assim foi para mim o Réveillon 2012: cheio de surpresas, de sonhos, de mistérios, de segredos, de esperanças, de amores, de músicas, de danças, de recordações... Porque eu desafiei o tempo e voltei a ser jovem por um dia.

 Recordar é viver!

Por
Iolanda




 

4 comentários:

  1. Adorei o texto e modo como a senhora resgata os detalhes de uma vida simples e pacata de cidade pequena. Os mínimos detalhes sobre os acontecimentos do último dia do ano, a descrição poética sobre o céu, os pássaros, a natureza. Enfim, toca o coração de quem ler.

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  2. Obrigada, amiga Jordana. Suas palavras me estimulam a prosseguir com o blog. Verifico pelas estatísticas que muito gente o visita, porém a grande maioria não se posiciona a deixar sequer um comentário. E eles são importantes para exercitar minha criatividade, apesar do prazer que tenho de escrever. Um grande abraço.

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  3. Iolanda. Bela narrativa sobre o reveillon em Palmacia neste 2011 passado. Você realmente tem o dom da escrita. Continue assim. Continue a nos premiar com essa tua capacidade de transpor para o papel para o teu site esse dom que Deus te deu. E obrigado por mencionar meu nome nesta parte do blog. Foi muita gentileza de tua parte. Agradeço de coração ao falar tambem no nome de meu saudoso pai. (Helder Campos)

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  4. caramba, que texto lindo!
    Me fez volta áquela noite.
    Muitissimo obrigada pelas menções á Banda Nostalgia, Palmácia já está em nossos corações.

    Muito beijos e saudades dessa terra linda que sempre nos recebe tão bem!

    Ládia Ribeiro (Cantora)
    http://www.facebook.com/ladiaribeiro

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