quinta-feira, 18 de agosto de 2011



LIVRO ESTRAGADO


No meu saudoso tempo de pré-adolescente
Fui incentivada a gostar de ler.
E essa prática ainda uso atualmente
Da minha vida, no constante decorrer.

A prática da leitura é muito importante,
Muda nosso pensar e nosso comportamento.
Eleva nosso saber e é muito empolgante,
Faz-nos viajar e nos traz conhecimento.

Foi o eterno mestre Vicente Sampaio
Que me incutiu da leitura o valor.
Agradeço a ele todo aquele ensaio
Ao me incentivar a ler com muito amor.

Eu fazia, então, o Curso Ginasial
Quando fui incutida, pelo mestre, à leitura.
Do grande valor que ela tem e, por sinal,
Da influência dela na nossa cultura.

O eterno mestre, além de professor,
Era o grande diretor do Monsenhor Custódio.
Uma biblioteca lá com muitos livros ele fundou
E nos levou a conhecê-la, lembro o episódio.

Tinha coleções muito interessantes
Em todas as áreas do conhecimento.
Matemática, Física, Química... Coleções possantes,
Mas uma que eu vi ficou-me no pensamento.

Aquela coleção pela qual fui atraída
Era a grande obra de Monteiro Lobato.
E quando, ao terminar a aula, logo na saída,
Reservei o primeiro livro para ler, de fato.

Eu li prazerosa, toda a coleção,
De “cabo a rabo” como o ditado diz.
As histórias vivendo com empolgação,
Naquela minha sempre vida de aprendiz.

O “Sítio do Pica-pau Amarelo” todo eu conheço
Desde os treze anos, essa interessante história,
Quando toda a coleção eu li, com garra e muito apreço,
Incentivada pelo mestre, naquela era de glória.

O mestre, durante as aulas, também incentivava
Aos livros termos, deveras, cuidado extremo.
Não rasgar e nem riscar, ele sempre alertava:
“Suas páginas são dádivas, um poder supremo”.

Porém, um dia aconteceu situação delicada
Naquele tempo distante, que vale a pena contar,
Com um daqueles livros, em uma ação praticada
Pelo próprio mestre que vivia a relatar...

...Para termos cuidado extremo com eles:
“Não rasgar e nem riscar suas páginas, jamais!
Molhar é imprudência, é mais bem que causar neles
O pior das atividades que uma pessoa faz”.

Eu estava a ler, então, e logo aconteceu
Quando eu me deliciava com o “Poço do Visconde”
Nos batentes do quintal lá de casa e apareceu
Uma chuvarada repentina que veio não sei de onde.

O livro ficou molhado, encharcado, melhor dizer.
E ao olhar para cima, eu não pude acreditar:
O mestre, uma bacia d’água, havia jogado sem querer!
E aquela situação triste passamos a remediar.

Por
Iolanda

Extraído do livro "Minha Palmácia de Ontem"


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