sexta-feira, 22 de julho de 2011


MINHA FAMÍLIA - AMOR MAIOR

 


 

 UTOPIA  


Padre Zezinho 

 

Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar.

No fim da tarde,
Quando tudo se aquietava,
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar.

Meus pais não tinham
Nem escola e nem dinheiro,
Todo dia o ano inteiro
Trabalhavam sem parar.

Faltava tudo,
Mas a gente nem ligava,
O importante não faltava:
Seu sorriso, seu olhar.

Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado,
Mas aquilo era sagrado:
Um por um ele afagava.

E perguntava
Quem fizera estripulia
E mamãe nos defendia
E tudo aos poucos se ajeitava.

O sol se punha,
A viola alguém trazia,
Todo mundo então queria
Ver papai cantar pra gente.

Desafinado,
Meio rouco e voz cansada,
Ele cantava mil toadas,
Seu olhar no sol poente.

O tempo passa
E hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Enquanto muitos não a têm.

Agora falam
Do desquite e do divórcio,
O amor virou consórcio,
Compromisso de ninguém.

Há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho de seus pais.

Se os pais se amassem
O divórcio não viria.
Chamam a isso de utopia,
Eu a isso chamo paz.

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