O CENTENÁRIO TIO ADAUTO
O pensamento positivo é muito importante
Para alimentar a mente e o nosso coração.
É alicerce para o corpo, é revigorante,
É a essência da vida em qualquer situação.
Esse nobre pensamente afugenta os dissabores,
Apazigua a grande perda, cicatriza uma ferida,
Alivia o sofrimento, ameniza as nossas dores,
Eleva o nosso espírito e prolonga a nossa vida.
Prova disso citarei nos versos deste poema
Um grande fato surgido desse nobre pensamento.
Não é fato de novela, nem é fato de cinema,
É um fato acontecido, vencido do sofrimento.
Esse fato é centenário, de amor, de lenitivo,
Provido das grandes perdas, das dores do coração.
Regido nas forças puras do pensamento positivo
Que o faz de pé, na mais pura aceitação.
Pensamento positivo sinônimo de tio Adauto,
Que ao seu lado caminha. É o escudo e o guerreiro!
Centenários companheiros, o abstrato e o arauto
Da grande força da vida. Fato assim, eis o primeiro!
Tio Adauto, um herói! Guerreiro das provações,
Vencendo a tudo e a todos, na pura aceitação.
De pensamento elevado, debatendo as privações,
Amenizando a grande dor, tirando-a do coração.
É um homem de coragem! Um centenário cidadão
Que caminha a passos firmes, porte ereto, afinal.
Suas perdas, suas tristezas, suas feridas, sua paixão
Aceita, resignado, grande história, sem igual.
Quando jovem, destemido, um grande trabalhador,
Que ao lado de meu pai, o mundo, então, desbravavam
Com a coragem dos guerreiros e dos santos o grande amor
Os dois nutriam entre si e a vida alimentavam.
No grande Sítio Olival foram cúmplices, companheiros
Naquela era distante, velhos tempos de criança.
E em suas vidas de jovens: agricultores guerreiros
Na grande fazenda deles, lá na Boa Esperança.
Da memória de meu pai guardo um fato relatado
Quando jovens os dois viviam na fazenda a trabalhar,
Dividiam as tarefas, em dias úteis e dia sagrado
Pra não pesar só pra um o serviço a labutar.
Tinha os dias determinados pra meu pai lavar os pratos
Do almoço e do jantar naquela grande fazenda.
Enquanto isso tio Adauto cuidava dos artefatos,
Do gado ou das plantações. Nisso não tinha contenda.
Noutros dias se revezavam daquelas obrigações,
Tio Adauto encarregado de os pratos, então, lavar.
E assim levavam a vida naquelas situações,
Naquele primaveril, os dois juntos a trabalhar.
Certos dias aconteceram naquela doce guarida:
Nem meu pai nem tio Adauto cumpriram a obrigação.
Os pratos não mais lavavam, mas na hora da comida
Apareciam bem limpos, naquela ocasião.
E tio Adauto a pensar que papai se engajava
E os pratos, então, lavava no seu lugar por engano.
E papai, da mesma forma, a pensar se deleitava,
Achando que tio Adauto estava “entrando pelo cano”.
Passaram-se, assim, três dias naquela “arrumação”,
Pratos limpos e lavados bem na hora da comida.
Um pensando que era o outro a cumprir a obrigação
Quando viram um cachorro dando num prato uma lambida.
Foi desfeito o grande impasse, o engano e aqueles atos
Nos pensamentos de ambos logo então se revelaram
Que os cachorros da fazenda lambiam todos os pratos!
E, com nojo, assim os manos, de pronto se perdoaram.
Outro fato relatado por meu pai quando em vida
Nas suas grandes brincadeiras, nos seus gestos engraçados,
Foi um fato assim também com relação à comida,
Na Fazenda Boa Esperança, naqueles tempos passados.
Eles também dividiam o ato de cozinhar,
O ato de prepararem o manjar, o “de cumê”,
Para eles e para os homens no roçado a trabalhar,
No grande fogão à lenha, coberto de “fumacê”.
Certa feita doze homens estavam a trabalhar
No roçado a plantar, da agricultura a labuta.
Tio Adauto, gesto firme, de pronto a fiscalizar
Aqueles trabalhadores na decente e grande luta.
Nisso chegou o papai e perguntou ao irmão:
“Quanto eu boto de ‘toucim’no fogo, Adauto?”
E o tio sem vacilar, respondeu de prontidão:
“Bota um palmo pra cada um, Renato!”
Se eu fosse aqui contar as inúmeras peripécias
Dos dois irmãos quando novos, naquele doce florir,
Passaria a vida inteira a expor grandes facécias
Daquele mundo ditoso, daquele enorme convir.
Porém, voltando ao título: O Centenário Tio Adauto
Vive até hoje apoiado ao pensamento positivo.
Os pontos ele não entrega, é seguro, um grande salto
Ele dar para os problemas e não se torna cansativo.
Perdeu pai e perdeu mãe, essa batalha venceu,
Seguro no pensamento positivo em sua vida.
E pra sustentar o fardo, ele então abasteceu
Sua vida em otimismo, com fé e muita guarida.
Perdeu o filho mais velho, o Moisés, que grande dor!
Mas continuou na luta, na vida a labutar.
Veio o destino cruel, outra feita pra rancor,
Tirou-lhe a filha Fátima, muito nova a abrilhantar.
Tio Adauto ficou firme e a Deus tudo entregou,
Não se deixou abater, não se deixou fracassar.
E deu a volta por cima, a poeira então limpou,
A vida continuava, o Sol estava a brilhar.
Seus problemas ele resolve da maneira mais correta,
Com calma e segurança, sua grande chave de ouro.
Mesmo com o pesar dos anos sua mente viva e esperta
Trabalha constantemente, amenizando o estouro.
O destino traiçoeiro outro filho lhe levou:
O Clerton, rapaz bonito, jovial, na tenra idade.
Muito triste, pensativo, tio Adauto então ficou,
Mas não entregou os pontos, se apoiou na acuidade.
E aguentou bem firme o baque da perda enorme,
Alimentado no grande pensamento positivo:
A vida estava ali, precisava do uniforme
E do um porte de guerreiro pra vencer o aditivo.
Não só os filhos perdeu, mas os seus irmãos também:
Tia Stela, tia Price, tia Adalgisa, tio Lauro, tia Irismar,
Tio José Moisés e tio Djalma, todos moram no Além,
E na Terra o tio Adauto, firme e forte a labutar.
Nesta vida de guerreiro conserva o porte altivo
De um grande vencedor, lutador até morrer.
Com 100 anos de idade, de semblante lenitivo
Quer galgar mais muitas eras. Força tem para viver.
Há poucos meses perdeu o grande amor de sua vida,
Sua esposa, sua senhora, sua grande companheira:
Tia Maria do Carmo amiga, sua amante, acometida
De um mal do coração. Também foi uma guerreira!
Oh! Destino traiçoeiro! Por que o maltratas tanto?
Será por que ele é forte, vencedor, vitorioso?!
Ele, então, te vencerá, não te derramará pranto.
É intenso o pensamento que o abarca. É glorioso!
No dia 12 de agosto, bem neste ano corrente,
O destino traiçoeiro lhe aprontou outra desfeita:
Levou pra morar no Além seu amigo consciente,
Seu irmão, meu pai Renato. Oh! Vida ingrata e sujeita!
Porém, o grande tio Adauto a tudo isso aguentou:
Ergueu a cabeça, altivo, mais uma luta a vencer.
Pensamento positivo, porte firme, relutou
E deu a volta por cima, lutará até morrer.
E mandou para o Além um recado à sua amada
Gesto firme, consistente, na beirada do caixão
Do seu grande irmão Renato, da partida a chegada:
“Diga lá pra minha velha que ainda estou aqui, durão!”
Oh! Guerreiro centenário! Parabéns pelas vitórias!
Nesta vida é exemplo, força e determinação.
Que o grande Criador abençoe as suas glórias
E lá do Céu derrame bênçãos dentro do seu coração.
Por
Iolanda
Poema extraído do livro
"Minha Palmácia de Ontem"
Por
Iolanda
Poema extraído do livro
"Minha Palmácia de Ontem"
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