A finalidade deste blog é unicamente expandir meus anseios de escritora e levá-los, em principal, para aqueles que nasceram ou que conhecem a vida de uma cidadezinha; para os que se interessam pela vidinha simples do interior. Aos que quiserem “curti-lo”, prometo deixá-los entrar no meu infinito particular através de muitas poesias e prosas.
Se eu morei, se tu moraste, se ele morou, se nós moramos no interior, por que não compartilharmos essas alegrias?! Olhe e comente. Ficarei grata. Beijos!
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
E NOUTRO BELO DIA...
Mais uma história de amor...
Esta melhor que a anterior!
Era uma manhã de segunda-feira também. O ano também 1997. O mês era dezembro. Eu me encontrava em um dos nossos costumeiros Encontros Pedagógicos, dessa vez em um treinamento de uma semana, na Escola Francisco de Almeida Monte, aqui em Fortaleza.
Um dia uma criança me parou
Olhou-me nos meus olhos a sorrir
Caneta e papel na sua mão
Tarefa escolar para cumprir
E perguntou no meio de um sorriso:
- O que é preciso para ser feliz?
Estávamos em uma sala de aula assistindo a um vídeo quando a porta se abriu. Um guarda da escola, que fazia as vezes de porteiro, pediu licença e falou: "Quem é Iolanda Campelo de Andrade Sampaio?". De repente me levantei e disse: "Sou eu!". E o porteiro falou: " Estão lhe chamando ao telefone". Saí apressada da sala, um pouco receosa, até pensando que algo teria acontecido com minhas filhas, que eram crianças pequenas... Eu costumava desligar meu celular nos treinamentos, principalmente em sala de aula.
Amar como Jesus amou
Sonhar como Jesus sonhou
Pensar como Jesus pensou
Viver como Jesus viveu.
No trajeto da sala para o telefone fixo, localizado no início da escola, perguntei ao guarda: "Foi você quem atendeu? Você sabe dizer de quem é o telefonema?". E o guarda falou: "Sim, fui eu. É da Secretaria da Educação". Naquele momento fiquei mais calma, em saber que não era nada com minhas filhas. Passados alguns minutos, me perguntei: "Secretaria da Educação, o que será?".
Sentir o que Jesus sentia
Sorrir como Jesus sorria
E ao chegar ao fim do dia
Eu sei que dormiria muito mais feliz.
Ao atender o telefonema e me identificar, uma voz do outro lado falou: "Parabéns, Iolanda, aqui é da Secretaria da Educação Básica do Ceará, especialmente do CREDE 21, e telefono pra comunicar que você foi a escolhida na seleção do Prêmio Alfabetizadora Cearense!".
Ao ouvi isso, me lembrei da seleção e da apresentação que tinha feito há alguns meses! De repente fiquei como hipnotizada e nada respondi. Ouvi a voz dizer: "Alô! Iolanda?!" E eu falei: "Como assim, eu fui premiada?! Verdade?! " E a voz: "Sim, seu trabalho foi o melhor e você será eleita a Melhor Alfabetizadora de Fortaleza!".
Aquilo era demais para mim!!! Meu coração "parou de bater"!
Ouvindo o que eu falei ela me olhou
E disse que era lindo o que eu falei
Pediu que eu repetisse, por favor
E não dissesse tudo de uma vez
E perguntou de novo num sorriso:
- O que é preciso para ser feliz?
No momento pensei que fosse trote e, quando me refiz da emoção, perguntei: "E como você conseguiu me localizar?" E a voz falou: "Telefonei para a Escola Hilza Diogo de Oliveira e me disseram que você estava em um treinamento aí!". Eu falei: "E quando receberei o prêmio?!". A voz falou: "A solenidade de entrega do Prêmio "Alfabetizadora Cearense" acontecerá no Pátio da Secretaria da Educação Básica. Esteja presente com seus diretores".
Amar como Jesus amou Sonhar como Jesus sonhou
Pensar como Jesus pensou
Viver como Jesus viveu.
Ela também havia me falado o dia e o mês, mas neste exato momento não sei quando foi, pois sou péssima para decorar números. Irei procurar um anúncio que saiu no jornal Diário do Nordeste sobre a premiação. Porém, isso fica pra depois, porque o que importa agora é a história, não é?!
Na hora do telefonema eu havia perguntado o nome de quem estava falando, mas a emoção era tamanha que depois não consegui lembrar. Só sabia dizer que era do CREDE 21. Eu ainda não estava acreditando e ficava me indagando: "E se não for verdade?! Se for apenas um trote?! Se for apenas uma brincadeira de mal gosto?!". Voltei para a sala de aula e não disse nada a ninguém, com receio de não ser verdade. Durante toda a manhã assisti o treinamento como se nada tivesse acontecido.
Depois que eu terminei de repetir
Seus olhos não saíram do papel
Toquei no seu rostinho e a sorrir
Pedi que ao transmitir fosse fiel
E ela deu-me um beijo demorado
E ao meu lado foi dizendo assim:
- Amar como Jesus amou Sonhar como Jesus sonhou
Pensar como Jesus pensou
Viver como Jesus viveu.
À tarde, quando cheguei na Escola CERE, a Diretora Geral, Maria Joyce Maia Costa Carneiro, havia acabado de chegar do CREDE 21 e veio me dar os parabéns. Foi aquela festa na escola, com o abraço de todos os colegas! Somente depois que a diretora falou comigo foi que acordei de vez e tive a certeza de que tudo era verdade, de que não era um sonho e tampouco uma brincadeira de mal gosto.
Logo, logo a Vice-diretora, Elizabeth, cuidou de saber pormenores, telefonando para o CREDE 21. A Escola CERE procurava sempre meios de aparecer para a sociedade, promovendo eventos e mais eventos com os alunos, pois afinal, era um centro de referência de grande prestígio, principalmente no bairro.
Sentir o que Jesus sentia
Sorrir como Jesus sorria
E ao chegar ao fim do dia
Eu sei que dormiria muito mais feliz.
Pronto! Achei aqui o dia da festa! A solenidade de entrega do Prêmio "Alfabetizadora Cearense" seria no dia 18 de dezembro de 1997. Me lembro que faltava poucos dias desde o dia do telefonema. Cuidei em preparar uma roupa adequada e pensar como me produziria para o evento. Afinal, seria uma data de grande importância para mim!
Um dia uma criança me parou
Olhou-me nos meus olhos a sorrir
Caneta e papel na sua mão
Tarefa escolar para cumprir
E perguntou no meio de um sorriso:
- O que é preciso para ser feliz?
No dia 18 de dezembro de 1997, bem cedinho, meu marido me deixou no pátio da Secretaria da Educação, no CAMBEBA e logo em seguida me encontrei com meus diretores: Domingos Chaves Pinto (Diretor Geral do HDO) e Elizabeth (Vice-diretora do CERE).Eu estava radiante de felicidade! E a decoração do pátio da Secretaria da Educação estava belíssima, com temas natalinos voltados para a ocasião. Tudo parecia um sonho, mas era uma linda realidade: era o reconhecimento de um trabalho árduo, porém feito com garra e muita dedicação!
Amar como Jesus amou Sonhar como Jesus sonhou
Pensar como Jesus pensou
Viver como Jesus viveu.
Chega de tanto blá-blá-blá e vamos ver as notícias e fotos desse evento tão importante, que além de me presentear com R$, serviu-me de incentivo para não fracassar nas batalhas que ainda viriam e que serviu também de grande apreciação para o meu currículo.
Sentir o que Jesus sentia
Sorrir como Jesus sorria
E ao chegar ao fim do dia
Eu sei que dormiria muito mais feliz.
VEJA AS IMAGENS
FOLDER DISTRIBUÍDO NO EVENTO
A FRENTE DO FOLDER
AS COSTAS DO FOLDER
NO INTERIOR DO FOLDER
NO INTERIOR DO FOLDER
NO INTERIOR DO FOLDER
NO INTERIOR DO FOLDER
MEU TROFÉU
MEU DIPLOMA DE CIDADANIA
NA PRÓXIMA POSTAGEM AS FOTOS DO EVENTO
sábado, 29 de outubro de 2011
E NUM BELO DIA...
Como todo início de uma linda história de amor, irei começar esta assim:
Em uma bela manhã ensolarada do ano de 1997 se iniciava mais um dia letivo na Escola de 1º e 2º Graus Dono Hilza Diogo de Oliveira.
Era um dia de segunda-feira, não lembro o mês. Estávamos de pé, na sala de aula, eu e meus alfabetizandos, a rezar nossa oração diária: "Meu Anjo da Guarda, meu bom protetor, guardai minha alma para Nosso Senhor..." quando vimos surgir, na soleira da porta, a nossa Vice-diretora, Professora Maria do Amparo Batista dos Santos Lima, de nome tão grande como o seu coração, trazendo nas mãos um enorme cartaz. Ela parou na entrada da sala e também rezou com a gente.
♫ Se acontecer um barulho perto de você
É um anjo chegando para receber
Suas orações e levá-las a Deus
Então abra o coração e comece a louvar
Sinta o gosto do céu que se derrama no altar
Que um anjo já vem com a benção nas mãos
Ao terminarmos a oração, os alunos cumprimentaram-na, como sempre faziam com os visitantes: "Bom dia, Tia Ampara!" Sim, foi assim mesmo, eles a chamavam de Tia "Ampara". Com certeza pelo fato de ela ser uma pessoa do sexo feminino e, geralmente, os nomes femininos levarem um a no final... Essas variações da Língua Portuguesa... Mas nós achávamos engraçada essa maneira inocente deles e assim deixamos... até que eles descobrisssem.
Tia Amparo respondeu ao cumprimento com um gostoso BOM DIA e entregou-me o cartaz, dizendo: "Dá uma olhada neste cartaz que chegou agorinha do CREDE 21. Na hora do recreio me diz alguma coisa... Mas vou dizendo de antemão: aconselho que você participe! Até logo, crianças, boa aula para vocês!".
Quando ela saiu da sala, que eu verifiquei a mensagem do cartaz, tive logo a certeza de que seria uma boa para mim...
O cartaz que ela me entregou é esse abaixo, que ainda conservo comigo. Veja na mensagem ao que ele se propunha:
Observa-se que é um chamamento para a participação em uma seleção. O que está escrito em letras menores não dá pra ler, mas escrevi abaixo:
O governo do Estado do Ceará, através da Secretaria da Educação Básica, em parceria com a Associação dos Jovens Empressários (AJE) e Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, e com apoio da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), União dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Organização das NaçõesUnidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), criou o Prêmio Alfabetizadora Cearense para promover o reconhecimento e a valorização da alfabetizadora de crianças e adolescentes como agente decisivo no processo de melhoria da qualidade de ensino em cada município do Ceará. Se você é alfabeizadora, chegou a hora de mostrar o seu talento. Participe! Você só tem a ganhar.
Inscrições até o dia 18 de abril de 1997.
Mais informações na Secretaria da Educação do seu município ou no CREDE de sua região.
♫ Tem anjos voando neste lugar
No meio do povo e em cima do altar
Subindo e descendo em todas as direções
Não sei se a igreja subiu ou se o céu desceu
Só sei que está cheio de anjos de Deus
Porque o próprio Deus está aqui
Na hora do recreio procurei a Vice-diretora, Tia Amparo, para pedir mais informações sobre essa seleção: local da inscrição, o que precisava, o que deveria apresentar...
Logo que entrei na Sala da Direção notei que o Diretor Geral, professor Domingos Chaves Pinto, já estava a par de tudo e veio ao meu encontro de braços abertos e um sorriso cativante. Ao me abraçar, foi logo dizendo: "É claro que você deve participar! Chegou a vez de mostrar para todos esse belíssimo trabalho que você faz aqui na escola!".
Tia Amparo também ficou feliz em saber que eu estava topando participar e ligeiro foi telefonar para o CREDE 21, pedindo informações.
Ficamos cientes de que a professora alfabetizadora que desejasse participar da seleção deveria apresentar sua metodologia de ensino e provar que essa metodoogia estava sendo válida. Para isso a Secretaria da Educação Básica exigia, no ato da inscrição, um relatório bem detalhado sobre o método de ensino de alfabetização que a professora estava seguindo, acompanhado da cópia do rendimento escolar de cada aluno da turma de Alfabetização, de modo que 80% da mesma tivesse rendimento satisfatório, seguido da assinatura do Diretor Geral da escola, da Vice-diretora, da Supervisora de Ensino e da Professora Alfabetizadora.
Ficou acertado que no dia seguinte (terça-feira), como era Dia de Planejamento, nós nos reuniríamos na Sala dos Professores para estudarmos todos os detalhes.
♫ Quando os anjos passeiam a igreja se alegra
Ela canta, ela chora, ela ri e congrega
Abala o inferno e dissipa o mal
Sinta o vento das asas dos anjos agora
Confia irmão, pois é a tua hora
A benção chegou e você vai levar
Voltei para a sala de aula feliz da vida em saber, mais uma vez, que a escola acreditava no meu trabalho, na minha potencialidade, me reconhecia como uma boa alfabetizadora e estava me convidando a representá-la junto à Secretaria da Educação Básica.
Apesar de estar feliz por isso, eu me encontrava com um pouco de dúvida se valia a pena participar dessa seleção. À tarde, quando cheguei na outra escola em que eu trabalhava, CERE Antonio Bezerra, os fatos se repetiram quase da mesma forma, ou seja, a Diretora Geral do CERE, Professora Joyce Maia Carneiro, veio ao meu encontro e me falou que eu não poderia deixar de participar porque o meu método de ensino era muito bom, pois os alunos estavam tendo um rendimento satisfatório, que também já tinha recebido elogios de alguns pais sobre a professora de seus filhos e que eu já tinha, praticamente, todo o material preparado.
Não precisei ouvir mais nada para me decidir a participar. De repente falei: "Vou participar, mas quero um espaço de tempo nos dias de planejamento, para que eu possa preparar-me com muita calma e apresentar um bom trabalho".
♫ Tem anjos voando neste lugar
No meio do povo e em cima do altar
Subindo e descendo em todas as direções
Não sei se a igreja subiu ou se o céu desceu
Só sei que está cheio de anjos de Deus
Porque o próprio Deus está aqui
Ficou acertado que no Dia do Planejamento, que também seria no dia seguinte, a gente já prepararia o relatório com os rendimentos dos alunos e que eu fosse tentando colocar no papel toda a minha metodologia de ensino de Alfabetização.
A essa altura do campeonato minha autoestima estava elevadíssima. Devido a isso dei margem à minha imaginação e o relatório já começou a ser produzido mentalmente. No mesmo dia, em casa, no silêncio da noite, coloquei tudo no papel... Fui dormir tarde, mas consegui fazer um bonito relatório de todo o procedimento do Método da Sentenciação.
No dia seguinte, no HDO, durante o planejamento, fizemos o apanhado do rendimento de cada aluno através de sua ficha e boletim e concluímos que mais de 80% dos alunos da Alfabetização tinham rendimento satisfatório sobre a metodologia aplicada. Tiramos xerox das fichas e boletins e arquivamos tudo. Preparamos o relatório sobre o rendimento escolar dos alunos, que em seguida foi assinado por todos. Estava pronta uma parte do trabalho.
♫ Se acontecer um barulho perto de você
É um anjo chegando para receber
Suas orações e levá-las a Deus
Então abra o coração e comece a louvar
Sinta o gosto do céu que se derrama no altar
Que um anjo já vem com a benção nas mãos
À tarde, ao chegar no CERE, fizemos a mesma atividade. Também mais de 80% dos alunos da Alfabetização estavam com bom rendimento. Bastava-me somente juntar a papelada das duas escolas e digitar o relatório sobre o Método da Sentenciação que já estava terminado. No dia seguinte, no HDO, pedi a um funcionário da secretaria que digitasse o relatório e fui dar aula. Já perto da hora do recreio o Diretor Geral, Professor Domingos, me entregou o relatório e disse que estava de saída para a Secretaria da Educação, se eu quisesse ir também eu me inscreveria logo. Deixei as crianças com uma estagiária e fui fazer minha inscrição. No ato da inscrição, fiquei sabedora de que eu teria que apresentar a metodologia de ensino para a equipe de técnicos do CREDE 21. Nesse mesmo dia foi marcada a data e o local da apresentação.
♫ Tem anjos voando neste lugar
No meio do povo e em cima do altar
Subindo e descendo em todas as direções
Não sei se a igreja subiu ou se o céu desceu
Só sei que está cheio de anjos de Deus
Porque o próprio Deus está aqui
Nos dias subsequentes cuidei em aprimorar todo o material que já tinha em mãos, inclusive o audiovisual composto pelos vinte e três (23) cartazes que postei anteriormente. Selecionei muitos trabalhos feitos pelos alunos para expor no dia da apresentação e preparei, com carinho, um bom Plano de Aula para a ocasião.
O trabalho foi apresentado no auditório do Centro Educacional de Referência Professora Maria José Santos Ferreira Gomes - CERE Antonio Bezerra, com a presença de muitos técnicos do CREDE 21, inclusive a Diretora Geral do mesmo, Graça Formiga, meus colegas professores e Supervisora do HDO, Diretora Geral, Vice-diretora e Supervisora do CERE Antonio Bezerra, meus colegas professores também do CERE e alguns alunos. Tive o prazer de contar com o grande apoio da Diretora Geral, daVice-diretora, de muitos professores e funcionários do CERE, que não mediram esforços para ver no final a bela ornamentação.
No dia marcado, o auditório estava belíssimo e a apresentação foi um sucesso! Depois da mesma fizemos uma Oficina Pedagógica com a participação de todos os que assistiram ao Processo de Alfabetização, onde fiz cada um dos participantes se transformar em aluno e vivenciar todas as etapas do Método da Sentenciação. Foi interessante ver a Diretora do CREDE 21, Graça Formiga, feito criança e de pé no chão, imitando o Saci-Pererê! Todos participaram e gostaram. Depois de terminada a apresentação eu estava muito cansada, mas feliz, como se tivesse ganhado a seleção. Missão cumprida!
♫ Quando os anjos passeiam a igreja se alegra
Ela canta, ela chora, ela ri e congrega
Abala o inferno e dissipa o mal
Sinta o vento das asas dos anjos agora
Confia irmão, pois é a tua hora
A benção chegou e você vai levar
ANJOS DE DEUS
Esta música do Padre Marcelo estava fazendo muito sucesso na época
e nós a cantávamos na fila de entrada na Escola CERE
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
AMOSTRAGEM DE UMA PRODUÇÃO TEXTUAL
NAS CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO E 1ª SÉRIE
O que me proponho a escrever nesta postagem vai além de um produção de texto. Constará também de um apanhado de procedimentos relativos ao MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO.
Apresentei essa amostragem em agosto/96 na Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Hilza Diogo de Oliveira, numa classe de Alfabetização, e no Centro Educacional de Referência Professora Maria José Santos Ferreira Gomes - CERE Antonio Bezerra, numa classe de 1ª Série, tendo como intuito, além da aprendizagem dos alunos, mostrar para colegas professores e os interessados de um modo geral, um amplo material audiovisual, composto por vinte e três (23) cartazes em duplex, onde se vê explanado todo um processo de ensino aprendizagem dentro de uma prática renovada. Esses cartazes foram apresentados por ocasião de duas Feiras Culturais realizadas nas escolas mencionadas acima.
Vejamos, a seguir, cada passo do processo, acompanhado de seu respectivo cartaz e das devidas explicações. Vale ressaltar aqui que na época o uso do computador era escasso e eu não praticava essa maravilha. Fiz as letras todas com formas. Utilizei recortes de revistas, figuras de livros... Nada foi impresso, nada foi digitado, alguns desenhos e textos foram mimeografados e outros feitos manualmente. Devido ao tempo, alguns desenhos e palavras estão um pouco apagados, mas dará para se ter uma ideia.
1º PASSO: ESTÍMULO À PRODUÇÃO DO TEXTO
Como estávamos no mês de agosto e precisávamos estudar as sílabas ce, ci e ra, re, ri, ro, ru (no meio da palavra), lembrei-me de que era o mês do folclore e que as palavras significativas Saci-Pererê encaixavam exatamente nos meus objetivos para estimular os alunos à produção de um novo texto.
Foi, então, que resolvi lançar na sala de aula o assunto sobre Saci-Pererê para saber se os alunos o conheciam. Poucos tinham visto na televisão a imagem desse mito folclórico e isso prova que o nosso folclore está morrendo. Resolvi, portanto, levar para a sala o livro da história do Saci-Pererê e li para a turma. Depois de ter lido a história tal qual no livro, passei a contá-la com riqueza de detalhes, usando uma linguagem bem simples, mas não mostrando nenhuma figura, nem mesmo a capa do livro, tudo com o objetivo de não barrar a imaginação das crianças - eu estava querendo estimular a turma, atiçando a curiosidade dela de querer conhecer o Saci. Veja que no cartaz acima o livro da história do Saci-Pererê está envolto numa capa vermelha de bolas coloridas. Tudo escondido!
Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!
2º PASSO: DESENHOS IMAGINÁRIOS
A turma já estava começando a se motivar e já tinha um visão imaginária do Saci-Pererê e o conhecimento generalizado sobre sua história. Então, pedi que todos procurassem desenhá-lo como o imaginavam.
Como todo ser humano é diferente em todos os aspectos, é óbvio que os desenhos não podiam ter saído iguais. Tinha Saci preto, amarelo, branco, de "chapéu", de duas pernas, de roupa, de cachimbo, sem cachimbo... de todo jeito! (risos). Era a percepção, a imaginação e a criatividade deles que estavam sendo trabalhadas.
De gorro vermelho
E cachimbo na boca
Lá vai o Saci assombrando as pessoas!
3º PASSO: FIGURAS RELACIONADAS COM A HISTÓRIA
Como os alunos estavam ansiosos para ver o Saci-Pererê, resolvi primeiro mostrar figuras que tivessem relação com a história dele. Mostrei árvores, animais, lua cheia, cachimbo etc. Reforcei que o Saci-Pererê é o protetor das florestas; que de dia é invisível e à noite só aparece quando a lua está cheia; que gosta de pedir fogo para acender o cachimbo; que gosta de amarrar o rabo dos animais; que sua força está no gorro vermelho que usa na cabeça etc. E a turma estava cada vez mais animada com a história - era o estímulo predominando.
Rabo de animal
Sempre dá um nó
Lá vai o Saci numa perna só!
4º PASSO: MOSTRAGEM DO SACI-PERERÊ
Continuei relatando as peraltices do Saci, sem esquecer de dizer que ele também apaga fogo, bate porta, faz criança danada cair, amarra cavalos pelo rabo, come a comida da vovó... Porém, eu frizei bem que o Saci-Pererê era apenas uma invenção, que ele não existia "de verdade", só na imaginação das pessoas - e a isso se chamava de mito. E os alunos cada vez mais ansiosos para conhecê-lo. Foi, então, que mostrei várias figuras representando-o. Depois deixei que o livro de história passasse de mão em mão para que todos pudessem pegá-lo e analisar cada detalhe. A seguir, pedi que cada aluno interpretasse oralmente o que tinha visto no livro. Quando eles terminaram a atividade de expressão oral, pedi que trouxessem de casa, no dia seguinte, algum boneco velho para cada um fazer um Saci-Pererê.
Seu olho é vermelho
Feito bola de fogo
Pra pegar o Saci é só tirar o seu gorro!
5º PASSO: DESENHOS REPRODUZIDOS
No dia seguinte começamos nossa aula ouvindo uma música do Saci-Pererê: Dança do Saci (da cantora Angélica). Enquanto a música tocava, pedi que os alunos desenhassem novamente o Saci-Pererê, pois eu queria fazer comparações entre o imaginário e o real, ou seja, verificar se houve algum progresso em seus desenhos depois que eles viram a figura do Saci.
De fato, os desenhos ficaram diferentes, mais ricos em detalhes e mais perto da realidade. Houve uma associação do mundo interior com o exterior.
A seguir fomos fazer artes - arrancamos uma perna de cada boneco, usamos tinta plástica preta para a pintura, fizemos gorros e calções de papel crepom vermelho (não existia o TNT e nem o EVA, montamos cachimbos da papel 40 quilos e cada aluno foi para casa com seu Saci.
Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!
6º PASSO: PINTURA DA IDEIA CENTRAL DA HISTÓRIA
No dia seguinte, nossa primeira atividade foi pintarmos, com lápis de cera, a figura mais importante da história: O Saci-Pererê. Os alunos estavam bastante estimulados para a produção de um texto sobre o Saci-Pererê, pois tinham concluído com sucesso a predição do texto, ou seja, a preparação para produzi-lo. Eu havia pedido que eles trouxessem sempre seus Sacis de casa. E depois da pintura fomos dar uma volta pela escola, cada um com o seu Saci. Foi muito divertido.
Ele chega sempre
Num redemoinho
Se jogar a peneira pega esse negrinho!
7ºPASSO: PRODUÇÃO DO TEXTO NO QUADRO DE GIZ
De início, pedi que cada aluno falasse um pouco sobre o Saci-Pererê e, à proporção que cada um falava, eu copiava no "Quadro de Giz". Com uma frase daqui, outra dali, uma palavra daqui, outra dali, surgiu um texto coletivo sobre o Saci-Pererê. Pedi permissão aos alunos e fiz algumas arrumações nas sentenças (frases). Sugeri que eles dessem um título para o texto. Todos escolheram as palavras Saci-Pererê como título e estava pronto o nosso texto coletivo.
Se espetar com um garfo
A roda de vento
Ele grita de dor e sai correndo!
8º PASSO: PINTURA, RECORTE E COLAGEM DA IDEIA CENTRAL DO TEXTO
No início da aula mais um trabalho de artes. Cada aluno recebeu uma folha mimeografada com o desenho das partes do corpo do Saci e acessórios. Cada aluno pintou, recortou, ordenou, montou e colou a figura do Saci-Pererê - a ideia central do texto. Observe na folha da esquerda as partes do corpo do Saci e acessórios e na folha da direita o trabalho concluído por um aluno.
OBS: Nas aulas das outras disciplinas eu sempre fazia as interdisciplinaridade. Nesse dia estudamos Ciências, com relação às partes do corpo; estudamos Matemática ao contarmos quantos pedacinhos eles recortaram... E quando sobrava tempo a gente revia os textos anteriores que sempre ficavam fixados nas paredes da sala, veja foto no início da postagem anterior.
Ele mora na mata
No clarão do luar
Até hoje ninguém conseguiu pegar!!
9º PASSO: CARTAZ DO TEXTO
Como tudo que se escreve no "Quadro de Giz" não pode permanecer por muito tempo, o texto também não estava mais lá. Porém, logo após a produção coletiva do texto, eu o havia copiado no meu caderno de planos. Em casa fiz um "Cartaz do Texto" e levei-o para a classe. Tive a preocupação de colocá-lo num lugar bem visível para a turma, pois iríamos precisar muito dele para estudo.
Depois do "Cartaz do Texto" fixado na parede da sala de aula, nosso próximo passo foi o estudo do texto como um todo. De início eu falei para as crianças que aquele cartaz era o texto coletivo que elas haviam feito em uma aula passada. Explorei o desenho que havia no texto. Depois li o texto compassadamente para a turma. Em seguida pedi que eles repetissem comigo a leitura do texto. Eu ia lendo e apontando com uma régua as palavras lidas e eles repetiam. Fizemos essa atividade várias vezes até os alunos memorizá-lo (isso levou várias aulas). Depois pedi que cada um viesse ao "Quadro de Giz" para "ler" o texto. Claro que nessa primeira vez foi impossível a turma "ler" tudo "na ponta da língua"!
Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!
10º PASSO: REPRODUÇÃO DO TEXTO PARA AS CRIANÇAS
Para fazerem as tarefas de casa relacionadas ao texto, as crianças necessitariam dele. Foi preciso que eu mimeografasse o texto para distribuir com os alunos.
Logo no início da aula cada aluno recebeu uma folha com o texto, o qual deveria ser tratado com muito carinho e cuidado, pois ele seria uma das páginas da cartilha que estávamos construindo por todo o decorrer do ano letivo.
A seguir os alunos desenharam (no retângulo da folha do texto) o querido Saci-Pererê. Quando eu falei em retângulo, aproveitei para explorar as formas geométricas e usei os blocos lógicos. Sempre que possível havia a interdisciplinaridade.
Ele bate em cachorro
Faz trança em cavalo
É feito criança
Um ser encantado!
11º PASSO: ESTUDO DO TEXTO
Nossa atividade nesse dia foi estudarmos minuciosamente o texto através da "leitura". Cada aluno ia "lendo" na folha o que a tia ia lendo no "Cartaz do Texto".
Primeiro estudamos no cartaz: fizemos a "leitura" em voz alta várias vezes, para vincularmos as ideias escritas com as ideias faladas (isso sendo feito sempre com a ajuda de uma régua, onde eu ia apantando as palavras lidas no texto escrito no cartaz). A seguir, estudamos no texto as palavras, as sílabas e as letras que já conhecíamos, ou seja, as que já tínhamos estudado em outros textos que havíamos produzidos. Dei uma folha a cada aluno e pedi que em casa eles copiassem o texto nessa folha e desenhassem também o Saci-Pererê.
Por isso à noite
Não fique sozinho
Se escutar um assobio saia de mansinho.
12º PASSO: CÓPIA DIRIGIDA
Logo no começo da aula fizemos uma "leitura" do texto: eu no cartaz e os alunos na folha. Depois passamos, então, para uma cópia dirigida do texto. Cada aluno copiou no seu caderno o texto que ele tinha na folha. Em seguida, foi a vez de cada aluno circular na cópia feita todos os encontros vocálicos encontrados, sublinhar todas as palavras e sílabas conhecidas e retirar todas as letras que não eram estranhas para eles.
A cópia é um procedimento de grande valia, pois feita sempre com um objetivo e não muito constante, induz bons resultados. Quando feita sucessivamente provoca apenas desmotivação no aluno.
E se encontrar um Saci
Comece a rezar
Pois quem viu me contou que ele dar azar.
13º PASSO: ORDENAÇÃO DO TEXTO
A essa altura os alunos já estavam bem familiarizados com o texto, pos foram capazes de fazer ligeirinho a atividade de ordenação. Para isso, eu havia copiado o texto em tiras de cartolina e coloquei-as espalhadas no centro da sala. Cada aluno teve o prazer de participar dessa atividade, ordenando o texto do Saci-Pererê no chão da sala de aula.
Logo em seguida, pedi que cada um ordenasse o texto no "Quadro de Pregas" que eu havia fixado na parede, na altura certa para que cada um alcançasse. Foi um sucesso!
Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando de uma perna só!
14º PASSO: RECORTE E COLAGEM NA ORDENAÇÃO DO TEXTO
No início da aula fizemos uma revisão das atividades do dia anterior ao ordenarmos novamente o texto no "Quadro de Pregas" e aproveitamos também para fazermos uma "leitura" oral em grupo.
A seguir, entreguei duas folhas, cola e tesoura para cada aluno. Numa folha só tinha o desenho de um retângulo e a outra folha estava mimeografada com o texto escrito desordenadamente. A tarefa de cada um foi recortar, montar e colar o texto ordenadamente.
Foi muito divertido! No final desenharam o Saci-Pererê e pedi que circulassem no texto ordenado todas as vogais, sílabas e letras que eles conheciam.
De gorro vermelho
E cachimbo na boca
Lá vai o Saci assombrando as pessoas!
15º PASSO: QUEBRA-CABEÇA
Êêêêba! Quanta coisa boa! Dessa vez os alunos montaram um quebra-cabeça de cada pedacinho do texto!
Para isso eu havia escrito em cartolina e depois recortado todas as palavras e pontos que havia no texto. Na sala de aula sempre ficava o nosso "Tesouro da Classe", que era uma caixa onde eu guardava tudo que os alunos haviam aprendido nos textos anteriores.
Esvasiei o "Tesouro da Classe" e coloquei nele somente os pedacinhos do texto atual, ou seja, o texto em estudo. Em seguida sentamos em círculo no chão, coloquei o "Quadro de Pregas" no centro do círculo e pedi que os alunos ordenassem novamente o texto, dessa vez coletivamente. Maravilha!
Até aqui nós tivemos uma visão geral de todo o processo, ou seja, estudamos o texto de um modo generalizado, onde utilizamos também o Método Analítico. O próximo passo será o estudo das partes do texto para chegarmos ao nosso real objetivo: ENSINAR A LER ATRAVÉS DE SENTENÇAS.
Rabo de animal
Sempre dá um nó
Lá vai o Saci numa perna só>
16º PASSO: VISÃO PARCILA DO TEXTO
O MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO é um Método Analítico porque parte de unidades maiores, com a ideia fundamental de fazer a criança entender que ler é descobrir o que está escrito. Justificando o Método Analítico, vamos utilizar-se de uma metáfora, dizendo que, quando se apresenta um casaco a uma criança, mostra-se ele todo, e não a gola, depois os bolsos, os botões etc. Pois é também dessa forma que uma criança aprende a falar, portanto, deve ser da mesma forma que deve aprender a ler e escrever, partindo do todo, decompondo-o, mais tarde, em porções menores, quando o MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO passará a ser Método Sintético, porque parte das unidades menores para as maiores. Aí é onde podemos dizer que o MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO também se situa dentro dos métodos ecléticos, isto é, utiliza a análise e a síntese, ou seja, parte do geral para o particular e depois do particular para o geral. Melhor explicando: parte do texto para as sentenças, palavras, sílabas e letras e depois começa pelas letras, sílabas, palavras, sentenças e texto.
Verifica-se que já fizemos uma análise geral do processo, ou seja, que já estudamos o texto como um todo. Agora passaremos a estudar cada sentença do texto, separadamente. E para isso eu escrevi cada sentença em tiras de cartolina.
O estudo de cada sentença (frase) obedece aos seguintes critérios: estudo das palavras já conhecidas, estudo das sílabas já conhecidas, estudo das vogais e consoantesencontradas. As palavras e sílabas não conhecidas ficarão para uma posterior análise.
O cartaz acima mostra que os alunos estudaram uma senteça em particular e dela foi retirado o número de vogais e consoantes. Essa atividade deverá ser realizada com todas as sentenças (frases) do texto.
Seu olho é vermelho
Feito bola de fogo
Pra pegar o Saci é só tirar o seu gorro!
17º PASSO: ESTUDO DAS PALAVRAS SIGNIFICATIVAS DO TEXTO
Você se lembra qual foi o meu primeiro objetivo ao querer produzir o texto em estudo? Lembra também quais foram as palavras significativas as quais me referi no 1º passo da amostragem? Se não lembra repetirei agora: "eu estava querendo ensinar os pedacinhos ce, ci e ra, re, ri, ro, ru (no meio da palavra) e as palavras significativas foram Saci-Pererê, porque elas contém partes desses pedacinhos".
Pois bem! Agora, depois da visão geral do texto, iremos estudar as palavras significativas do texto - SACI-PERERÊ - em letras de "mão" e de "máquina", maiúsculas e minúsculas, depois separá-las para, posteriormente, estudar cada sílaba.
Para exercitar essa atividade, primeiramente me utilizei do "Quadro de Giz", escrevendo as palavras significativas em letras de "mão" e de "máquina", maiúsculas e minúsculas, separei as sílabas delas e pedi que os alunos copiassem no caderno. Depois fizemos uma atividade oral, estudando o som dos pedacinhos separados.
Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!
18º PASSO: ESTUDO DAS SÍLABAS NOVAS
Nas palavras significativas, SACI-PERERÊ, os alunos já conheciam os pedacinhos SA e o PE porque já tinham sido estudadas em textos anteriores. O CI e o RE (no meio da palavra) eram as sílabas novas que eles teriam que aprender nesse texto em estudo, juntamente com seus elementos silábicos, ou seja, CE, CI e RA, RE, RI, RO, RU.
Confeccionei fichas duplas com os elementos silábicos do C e do R, em letras de "mão" e de "máquina" para a memorização ficar melhor. Apresentei essas fichas aos alunos e depois fomos "brincar" de "Jogo da Memória". Fizemos um grande círculo no chão e a turma passou a aprender por meio de brincadeira. Foi legal!
Detalhe do jogo: toda vez que um aluno desemborcava uma ficha, ele tinha que dizer o nome da sílaba ou palavra e quando conseguia formar o par ganhava pontos. Foi um sucesso!
Já no final da aula reforcei o estudo dos elementos silábicos em pauta através de um bingo de sílabas, juntamente com outros elementos silábicos vistos em textos anteriores.
Ele chega sempre
Num redemoinho
Se jogar a peneira pega esse negrinho!
19º PASSO: FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Com a ajuda do "Quadro de Pregas" e da "Caixinha do Saber" contendo fichas com todas as sílabas estudadas nos textos anteriores e no atual, passamos para a formação de novas palavras. Como eles já conheciam todas as sílabas apresentadas, foi fácil formar as palavras e lê-las. Isso justifica que o aluno não precisa conhecer todo o alfabeto e depois todas as sílabas para poder aprender a ler. Ele pode começar a aprender a ler na medida que for aprendendo as letras e as sílabas. Ensinar o alfabeto limpo e seco e por tempo prolongado só gera desmotivação no aluno, que não entende a lenga - lenga do A, B, C, D, E, ... sem nenhum estímulo e objetivo para ele. E também é uma perda de tempo para o aluno e para o professor. Se o aluno conhece o BO e o La ele poderá, logicamente, ler e escrever a palavra BOLA, sem perder tempo em aprender primeiro todas as letras e todas as sílabas.
Passamos grande parte da aula a formar palavras no "Quadro de Pregas". Um divertimento!
Se espetar com um garfo
A roda do vento
Ele grita de dor e sai correndo!
20º PASSO: FORMAÇÃO DE FRASES
Nessa aula coloquei todos os alunos em círculo, sentados no chão, e deixei à disposição deles a "Sacola das Palavras", contendo fichas com todas as palavras, sílabas, encontros vocálicos, letras e sinais que eles já conheciam. Tudo que tínhamos estudado nos meses anteriores estava ali naquela sacola.
A atividade proposta era que eles formassem frases. E o resultado foi positivo, pois nada ali era estranho para eles. Cada aluno formou uma frase e leu em voz alta!
OBS: Toda aula era reforçada com uma atividade relacionada para casa, preparada anteriormente. E eu pedia sempre o apoio dos pais para o bom andamento do processo.
Ele mora na mata
No clarão do luar
Até hoje ninguém conseguiu pegar.
21º PASSO: LEITURAS COMPLEMENTARES
Para a produção do texto coletivo cada aluno deu sua parcela de contribuição, ou seja, todos trouxeram para a escola algumas práticas vivenciadas em casa. A isso chamamos trabalhar levando em conta o construtivismo, isto é, aproveitar a bagagem da criança, aproveitar o que ele traz e em cima dessa bagagem fixar objetivos. Na linha construtivista o aluno constrói o seu próprio conhecimento porque se sente estimulado. E no decorrer do processo muitas práticas vivenviadas na escola também são levadas para casa.
O cartaz acima nos mostra essa realidade: de tanto ouvirem falar na escola sobre Saci-Pererê, muitos alunos trouxeram de casa algumas histórias sobre o negrinho peralta. E o mais interessante foi que eles se exercitaram para ler essas histórias, claro que com a minha ajuda! Tudo isso explica que devemos aproveitar dos alunos aquela bagagem que ele traz de casa e com ela trabalhar em sala de aula e não apenas jogar conteúdos que, muitas vezes, nada têm a ver com a realidade deles, causando-lhes desestímulos.
Eu aproveitei as histórias trazidas por eles e trabalhei o estudo de palavras, sílabas, letras, pontos e sinais.
Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!
22º PASSO: DITADO DE PALAVRAS SOLTAS
Como eles já sabiam juntar fichas e formar palavras no "Quadro de Giz" e no "Quadro de Pregas", também foi fácil para eles escreverem palavras no gorro do Saci.
Essa atividade foi feita através de um ditado de palavras soltas, envolvendo todas as sílabas já estudadas até o texto do Saci-Pererê. Era a expressão escrita predominando.
Depois que eles terminaram o ditado, recolhi as folhas e fui corrigindo um por um, na presença de cada aluno, para tirar as dúvidas. Nunca coloquei um X ou um ponto de interrogação numa "resposta errada" do aluno, porque o mesmo está criando hipóteses para o conhecimento e se for barrado poderá atrapalhar sua aprendizagem. Ademais, um X ou um ponto de interrogação numa hipótese de um alfabetizando não está levando-o ao progresso. Devemos sempre ver essa "resposta errada" como uma hipótese para acertar, como uma tentativa de acerto.
Ele bate em cachorro
Faz trança em cavalo
É feito criança
Um ser encantado!
23º PASSO: CRIAÇÃO DE HISTÓRIAS
Estando os alunos a par de todas as peraltices do Saci-Pererê e como já sabiam escrever à maneira deles, é óbvio que conseguiriam escrever uma história sozinhos.
E foi o que aconteceu em sala de aula. Dei uma folha mimeografada com o desenho do Saci a cada aluno e, depois de pintá-lo, escreveu um pouco sobre ele.
Tive a felicidade de ler histórias belíssimas criadas e escritas pelo próprio punho de cada um dos meus alunos. Eles conseguiram produzir, individualmente, outro texto sobre o Saci-Pererê. Estava concluída mais uma página da nossa cartilha. O Trabalho foi árduo, mas gratificante.
Por isso, à noite
Não fique sozinho
Se escutar um assovio, saia de mansinho.
E se encontrar um Saci
Comece a rezar
Pois quem viu me contou que ele dar azar.
Lá vai o Saci
lá vai o Saci
Pulando numa perna só
Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!
O ENSINO ATRAVÉS DA LINHA CONSTRUTIVISTA É COMO A ÁGUA PURA TIRADA DO COCO. E O ENSINO ATRAVÉS DA LINHA TRADICIONALISTA É COMO A ÁGUA SUJA JOGADA NO POTE, QUE TAMBÉM PODERÁ ESTAR SUJO!
COM ESTA METODOLOGIA QUE APRESENTEI AQUI FUI PREMIADA COMO