"QUE SAUDADE DA PROFESSORINHA
QUE ME ENSINOU O B-A-BÁ!"
UM PASSADO REMOTO...
MEU TEMPO DE ESCOLINHA
Nesta casa de andar era onde morava Madrinha Eunice. Ela foi toda reformada.
A Escola Monsenhor Tabosa era ao lado, onde vemos a Loja Cícero.
Lembrar meu tempo de escola é mexer forte com minhas emoções! A primeira professora fica em nossa memória para sempre!
Como eu gostaria de voltar no tempo e viver tudo novamente! Ver minha professora, Madrinha Eunice, sair de sua casa com a bolsa de cadernos a tiracolo, abrir a escolinha e tocar a sineta! E nós, alunos, que ficávamos brincando sempre em frente à escola, no alpendre da farmácia do “Seu” Macambira, ao ouvirmos aquele toque, correr para pegar nossas mochilas amontoadas no chão e, na disparada, nos preparar para a fila da entrada... Fecho meus olhos e recordo tudo...
Madrinha Eunice era alta, professora gigante, magra, cabelos curtos e encaracolados... Puxava de uma perna, problemas na rótula ou “bolacha” do joelho... Pena que não tenho uma foto dela, pois naquele tempo poucas pessoas gozavam desse luxo! Ela era possessiva no olhar e no falar, mas sentíamos que tinha um enorme coração...
Como eu gostaria de voltar no tempo e viver tudo novamente! Ver minha professora, Madrinha Eunice, sair de sua casa com a bolsa de cadernos a tiracolo, abrir a escolinha e tocar a sineta! E nós, alunos, que ficávamos brincando sempre em frente à escola, no alpendre da farmácia do “Seu” Macambira, ao ouvirmos aquele toque, correr para pegar nossas mochilas amontoadas no chão e, na disparada, nos preparar para a fila da entrada... Fecho meus olhos e recordo tudo...
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Minha primeira professora era sábia, deusa! Era exemplo de ética, sabedoria, moral, religiosidade, honestidade, sapiência e todas as qualidades que podemos atribuir a uma pessoa. Quando ela chegava próximo a mim parecia que algo acendia, ela era luz!
Todos os alunos que passaram pelas mãos da professora Madrinha Eunice tiveram os maiores ensinamentos e melhores exemplos de todos os tempos. Sua escola era a melhor de Palmácia, apesar de pequenininha...
Como recordo aquela mesa comprida e aquele banco também comprido repleto de alunos! Com recordo as carteiras duplas, com cantinho para o lápis! Como recordo as sabatinas de tabuadas! Nessas horas meu coração disparava, porque eu sempre tive medo de Matemática!
Nas sabatinas, Madrinha Eunice ficava sentada num banco, no centro do círculo de alunos, com sua perna “dura” esticada, uma régua na mão, a palmatória de lado, num banquinho e os óculos na ponta do nariz, perguntando a um e a outro, apontando com a régua para nosso lado: 2x2?! 3x9?! 5x9?! Tínhamos que responder no mesmo instante, senão ela passava para o próximo! Se errássemos ou deixássemos de responder, a palmatória “comia de esmola” (risos).
Apesar de não gostar de Matemática, eu fazia de tudo para aprender as tabuadas e só tive que levar “bolos” uma única vez! (risos). Ela me considerava como uma aluna comportada e estudiosa!
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Como recordo aquela mesa comprida e aquele banco também comprido repleto de alunos! Com recordo as carteiras duplas, com cantinho para o lápis! Como recordo as sabatinas de tabuadas! Nessas horas meu coração disparava, porque eu sempre tive medo de Matemática!
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Nas sabatinas, Madrinha Eunice ficava sentada num banco, no centro do círculo de alunos, com sua perna “dura” esticada, uma régua na mão, a palmatória de lado, num banquinho e os óculos na ponta do nariz, perguntando a um e a outro, apontando com a régua para nosso lado: 2x2?! 3x9?! 5x9?! Tínhamos que responder no mesmo instante, senão ela passava para o próximo! Se errássemos ou deixássemos de responder, a palmatória “comia de esmola” (risos).
Apesar de não gostar de Matemática, eu fazia de tudo para aprender as tabuadas e só tive que levar “bolos” uma única vez! (risos). Ela me considerava como uma aluna comportada e estudiosa!
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Como recordo as festas da escola! Como recordo as nossas apresentações! Como recordo os questionários de História e Geografia que tínhamos que “decorar na ponta da língua”! (risos). Como recordo as festas de encerramento do ano e a entrega das provas! Como recordo a capa das provas em folha de papel almaço, onde Madrinha Eunice, com sua bonita letra se sobressaindo entre um belíssimo decalque de flores, colocava assim: ESCOLA MONSENHOR TABOSA / ALUNA: IOLANDA CAMPELO DE ANDRADE / 2º ANO PRIMÁRIO. E ainda tinha um lindo laço de fita, que prendia as provas! Como recordo de tudo!
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Às vezes fico me perguntando: "como era que ela dava conta daquela escola mista, da Alfabetização ao 4º Ano Primário, ensinando a todos juntos e num mesmo horário?! Como era que ela conseguia ensinar a tantos usando o mesmo quadro-negro?!" E como todos aprendiam!
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Lembro-me da auréola de tecido que ela amarrava minha mão! Sim, ela amarrava minha mão esquerda para que eu aprendesse a escrever com a mão direita! Ela achava aquilo uma boa ação! Achava que com aquele gesto eu deixaria de ser canhota!!! E ainda dizia assim: "isso não é jeito de se escrever!".
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Ela dava um laço frouxo com a auréola em minha mão e amarrava o restante da auréola por baixo do espaldar da carteira! E eu fingia que copiava com a mão direita, porque copiar mesmo era quase impossível devido à minha idade que era mínima para isso.
Quando ela dava as costas eu tirava a mão esquerda do laço e copiava ligeiro para não levar “bolos”! Fiz isso muitas vezes, como também muitas vezes ela amarrou minha mão achando fazer uma boa ação!
Tudo isso porque ela era uma professora leiga, não tinha teorias pedagógicas e psicológicas, nunca fez um curso de professora, mas ensinava com dedicação e carisma, conduzindo suas aulas com muita segurança, sabedoria e cativando cada aluno como se fosse seu filho.
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá
Naquele tempo não havia essa afinidade de “tia” da escola, mas ela sabia que precisava estar próxima ao aluno como se ela fosse da sua família. E para isso tomava cada um deles como afilhado de fogueira... Ela era madrinha de fogueira de todos os seus alunos!
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Fiz até o 2º Ano Primário na sua escola, pois ela veio morar em Fortaleza e nossas vidas se separaram!
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Mas, por mera contingência do destino, um dia nossos caminhos se cruzaram novamente! Isso aconteceu muitos anos depois, quando vim embora de Palmácia para continuar meus estudos aqui em Fortaleza, fazer o Curso Normal, pois eu tinha optado por ser professora!
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Vim morar em casa de parentes, justamente numa casa que se situava vizinha à escolinha da dita professora. Sim! Ela havia montado novamente sua escolinha aqui! E como fazia sucesso também! Continuava no mesmo ritmo, era a mesma escola mista e tradicionalista do meu tempo de criança! Não tinha mudado em nada! E eu já tinha mudado em muitas coisas, já era uma mocinha que tinha saído da casa dos pais para lutar na vida!
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Toda vez que eu vinha do colégio me demorava um pouco na escolinha e ajudava a quem outrora havia me tirado da escuridão do saber, me ajudado a desvendar os mistérios da leitura! Quando ia haver festa na escola eu me oferecia para fazer cartazes, enfeites, arrumava a escola, decorava enfim! E Madrinha Eunice ficava muito feliz, pois conhecia meus dotes.
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Outras vezes eu passava para ela experiências que tinha adquirido no Curso Normal. E ela me agradecia muito.
Certa vez, quando me encontrava estudando na varanda da casa onde eu morava, Madrinha Eunice chegou de mansinho e colocou um papel embrulhado em minhas mãos.
Assinado: Sua Madrinha Eunice”.
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Colocou o papel, fechou minha mão e saiu rapidamente. Estranhei aquela ação e resolvi olhar o que tinha naquele papel tão enroladinho. Quando abri, vi que era um bilhete e nele estava escrito: “Iolanda, me desculpe, mas será que você pode ir à minha escola dar uma aula de Matemática Moderna para meus alunos, do jeito que você está aprendendo no seu Curso Normal? Eu quero muito essa nova maneira de ensinar Matemática. Assinado: Sua Madrinha Eunice”.
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Fiquei radiante de felicidade em poder ajudar a quem me ajudou tanto! E imediatamente fui à escolinha para dar-lhe minha resposta positiva e dizer que iria me preparar minuciosamente para tal.
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Nos dias subsequentes preparei todo o material concreto, inclusive o ábaco, blocos lógicos, material dourado, material cuisenaire, geoplano, tampinhas, grãos, palitos, cartelas e um plano de aula elaborado nos mínimos detalhes.
O tema da aula era CONJUNTO. Naquele tempo a Matemática Moderna estava no auge, quando foi descoberto que aprender Matemática trabalhando com o concreto era muito mais fácil e interessante do que o aprendizado através da "decoreba".
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
O tema da aula era CONJUNTO. Naquele tempo a Matemática Moderna estava no auge, quando foi descoberto que aprender Matemática trabalhando com o concreto era muito mais fácil e interessante do que o aprendizado através da "decoreba".
"Que saudade da professorinha,
Que me ensinou o b-a-bá!"
Foi um sucesso MINHA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA ! E melhor ainda por ter como aluna, no meio de todos os alunos a QUERIDA PROFESSORA MADRINHA EUNICE, que não cessava de aplaudir por eu estar passando uma experiência inovadora e de grande valia para sua escola.
"Que saudade da professorinha
Que me ensinou o b-a-bá!"
Os alunos utilizaram o material concreto com muita empolgação, formando conjuntos, classificando-os, comparando-os, fazendo a união, interseção...
E eu estava feliz em triplo, pois além de ajudar a ela e aos alunos, ainda perdi meu medo de dar aula de Matemática, minha matéria "Bicho Papão".
"Que saudade da professorinha,
Que me ensinou o b-a-bá!"
Madrinha Eunice, sei que a senhora está ao lado de DEUS, olhando e protegendo nossos passos.
Obrigada, minha primeira professora, seus ensinamentos influenciaram por muitos e muitos anos o meu fazer pedagógico e dele me vi vitoriosa.
Obrigada, minha primeira professora, seus ensinamentos influenciaram por muitos e muitos anos o meu fazer pedagógico e dele me vi vitoriosa.
"QUE SAUDADE DA PROFESSORINHA
QUE ME ENSINOU O B-A-BÁ!"
EU ERA FELIZ E NÃO SABIA...
Por
Iolanda
Nenhum comentário:
Postar um comentário