quinta-feira, 27 de outubro de 2011


AMOSTRAGEM DE UMA PRODUÇÃO TEXTUAL
NAS CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO E 1ª SÉRIE

O que me proponho a escrever nesta postagem vai além de um produção de texto. Constará também de um apanhado de procedimentos relativos ao MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO.
Apresentei essa amostragem em agosto/96 na Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Hilza Diogo de Oliveira, numa classe de Alfabetização, e no Centro Educacional de Referência Professora Maria José Santos Ferreira Gomes - CERE Antonio Bezerra, numa classe de 1ª Série, tendo como intuito, além da aprendizagem dos alunos, mostrar para colegas professores e os interessados de um modo geral, um amplo material audiovisual, composto por vinte e três (23) cartazes em duplex, onde se vê explanado todo um processo de ensino aprendizagem dentro de uma prática renovada. Esses cartazes foram apresentados por ocasião de duas Feiras Culturais realizadas nas escolas mencionadas acima.
Vejamos, a seguir, cada passo do processo, acompanhado de seu respectivo cartaz e das devidas explicações. Vale ressaltar aqui que na época o uso do computador era escasso e eu não praticava essa maravilha. Fiz as letras todas com formas. Utilizei recortes de revistas, figuras de livros... Nada foi impresso, nada foi digitado, alguns desenhos e textos foram mimeografados e outros feitos manualmente. Devido ao tempo, alguns desenhos e palavras estão um pouco apagados, mas dará para se ter uma ideia.


1º PASSO: ESTÍMULO À PRODUÇÃO DO TEXTO


Como estávamos no mês de agosto e precisávamos estudar as sílabas ce, ci e ra, re, ri, ro, ru (no meio da palavra), lembrei-me de que era o mês do folclore e que as palavras significativas Saci-Pererê encaixavam exatamente nos meus objetivos para estimular os alunos à produção de um novo texto.
Foi, então, que resolvi lançar na sala de aula o assunto sobre Saci-Pererê para saber se os alunos o conheciam. Poucos tinham visto na televisão a imagem desse mito folclórico e isso prova que o nosso folclore está morrendo. Resolvi, portanto, levar para a sala o livro da história do Saci-Pererê e li para a turma. Depois de ter lido a história tal qual no livro, passei a contá-la com riqueza de detalhes, usando uma linguagem bem simples, mas não mostrando nenhuma figura, nem mesmo a capa do livro, tudo com o objetivo de não barrar a imaginação das crianças - eu estava querendo estimular a turma, atiçando a  curiosidade dela de querer conhecer o Saci. Veja que no cartaz acima o livro da história do Saci-Pererê está envolto numa capa vermelha de bolas coloridas. Tudo escondido!

Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!


2º PASSO: DESENHOS IMAGINÁRIOS


A turma já estava começando a se motivar e já tinha um visão imaginária do Saci-Pererê e o conhecimento generalizado sobre sua história. Então, pedi que todos procurassem desenhá-lo como o imaginavam.
Como todo ser humano é diferente em todos os aspectos, é óbvio que os desenhos não podiam ter saído iguais. Tinha Saci preto, amarelo, branco, de "chapéu", de duas pernas, de roupa, de cachimbo, sem cachimbo... de todo jeito! (risos). Era a percepção, a imaginação e a criatividade deles que estavam sendo trabalhadas.
De gorro vermelho
E cachimbo na boca
Lá vai o Saci assombrando as pessoas!


3º PASSO: FIGURAS RELACIONADAS COM A HISTÓRIA


Como os alunos estavam ansiosos para ver o Saci-Pererê, resolvi primeiro mostrar figuras que tivessem relação com a história dele. Mostrei árvores, animais, lua cheia, cachimbo etc. Reforcei que o Saci-Pererê é o protetor das florestas; que de dia é invisível e à noite só aparece quando a lua está cheia; que gosta de pedir fogo para acender o cachimbo; que gosta de amarrar o rabo dos animais; que sua força está no gorro vermelho que usa na cabeça etc. E a turma estava cada vez mais animada com a história - era o estímulo predominando.

Rabo de animal
Sempre dá um nó
Lá vai o Saci numa perna só!


4º PASSO: MOSTRAGEM DO SACI-PERERÊ


Continuei relatando as peraltices do Saci, sem esquecer de dizer que ele também apaga fogo, bate porta, faz criança danada cair, amarra cavalos pelo rabo, come a comida da vovó... Porém, eu frizei bem que o Saci-Pererê era apenas uma invenção, que ele não existia "de verdade", só na imaginação das pessoas - e a isso se chamava de mito. E os alunos cada vez mais ansiosos para conhecê-lo. Foi, então, que mostrei várias figuras representando-o. Depois deixei que o livro de história passasse de mão em mão para que todos pudessem pegá-lo e analisar cada detalhe. A seguir, pedi que cada aluno interpretasse oralmente o que tinha visto no livro. Quando eles terminaram a atividade de expressão oral, pedi que trouxessem de casa, no dia seguinte, algum boneco velho para cada um fazer um Saci-Pererê.

Seu olho é vermelho
Feito bola de fogo
Pra pegar o Saci é só tirar o seu gorro!


5º PASSO: DESENHOS REPRODUZIDOS


No dia seguinte começamos nossa aula ouvindo uma música do Saci-Pererê: Dança do Saci (da cantora Angélica). Enquanto a música tocava, pedi que os alunos desenhassem novamente o Saci-Pererê, pois eu queria fazer comparações entre o imaginário e o real, ou seja, verificar se houve algum progresso em seus desenhos depois que eles viram a figura do Saci.
De fato, os desenhos ficaram diferentes, mais ricos em detalhes e mais perto da realidade. Houve uma associação do mundo interior com o exterior. 
A seguir fomos fazer artes - arrancamos uma perna de cada boneco, usamos tinta plástica preta para a pintura, fizemos gorros e calções de papel crepom vermelho (não existia o TNT e nem o EVA, montamos cachimbos da papel 40 quilos e cada aluno foi para casa com seu Saci.

Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!


6º PASSO: PINTURA DA IDEIA CENTRAL DA HISTÓRIA


No dia seguinte, nossa primeira atividade foi pintarmos, com lápis de cera, a figura mais importante da história: O Saci-Pererê. Os alunos estavam bastante estimulados para a produção de um texto sobre o Saci-Pererê, pois tinham concluído com sucesso a predição do texto, ou seja, a preparação para produzi-lo. Eu havia pedido que eles trouxessem sempre seus Sacis de casa. E depois da pintura fomos dar uma volta pela escola, cada um com o seu Saci. Foi muito divertido.

Ele chega sempre
Num redemoinho
Se jogar a peneira pega esse negrinho!


7ºPASSO: PRODUÇÃO DO TEXTO NO QUADRO DE GIZ


De início, pedi que cada aluno falasse um pouco sobre o Saci-Pererê e, à proporção que cada um falava, eu copiava no "Quadro de Giz". Com uma frase daqui, outra dali, uma palavra daqui, outra dali, surgiu um texto coletivo sobre o Saci-Pererê. Pedi permissão aos alunos e fiz algumas arrumações nas sentenças (frases). Sugeri que eles dessem um título para o texto. Todos escolheram as palavras Saci-Pererê como título e estava pronto o nosso texto coletivo.

Se espetar com um garfo 
A roda de vento
Ele grita de dor e sai correndo!


8º PASSO: PINTURA, RECORTE E COLAGEM DA IDEIA CENTRAL DO TEXTO



No início da aula mais um trabalho de artes. Cada aluno recebeu uma folha mimeografada com o desenho das partes do corpo do Saci e acessórios. Cada aluno pintou, recortou, ordenou, montou e colou a figura do Saci-Pererê - a ideia central do texto. Observe na folha da esquerda as partes do corpo do Saci e acessórios e na folha da direita o trabalho concluído por um aluno.


OBS: Nas aulas das outras disciplinas eu sempre fazia as interdisciplinaridade. Nesse dia estudamos Ciências, com relação às partes do corpo; estudamos Matemática ao contarmos quantos pedacinhos eles recortaram... E quando sobrava tempo a gente revia os textos anteriores que sempre ficavam fixados nas paredes da sala, veja foto no início da postagem anterior.

Ele mora na mata
No clarão do luar
Até hoje ninguém conseguiu pegar!!


9º PASSO: CARTAZ DO TEXTO 


Como tudo que se escreve no "Quadro de Giz" não pode permanecer por muito tempo, o texto também não estava mais lá. Porém, logo após a produção coletiva do texto, eu o havia copiado no meu caderno de planos. Em casa fiz um "Cartaz do Texto" e levei-o para a classe. Tive a preocupação de colocá-lo num lugar bem visível para a turma, pois iríamos precisar muito dele para estudo.
Depois do "Cartaz do Texto" fixado na parede da sala de aula, nosso próximo passo foi o estudo do texto como um todo. De início eu falei para as crianças que aquele cartaz era o texto coletivo que elas haviam feito em uma aula passada. Explorei o desenho que havia no texto. Depois li o texto compassadamente para a turma. Em seguida pedi que eles repetissem comigo a leitura do texto. Eu ia lendo e apontando com uma régua as palavras lidas e eles repetiam. Fizemos essa atividade várias vezes até os alunos memorizá-lo (isso levou várias aulas). Depois pedi que cada um viesse ao "Quadro de Giz" para "ler" o texto. Claro que nessa primeira vez foi impossível a turma  "ler" tudo "na ponta da língua"!


Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!

10º PASSO: REPRODUÇÃO DO TEXTO PARA AS CRIANÇAS


Para fazerem as tarefas de casa relacionadas ao texto, as crianças necessitariam  dele. Foi preciso que eu mimeografasse o texto para distribuir com os alunos.
Logo no início da aula cada aluno recebeu uma folha com o texto, o qual deveria ser tratado com muito carinho e cuidado, pois ele seria uma das páginas da cartilha que estávamos construindo por todo o decorrer do ano letivo.
A seguir os alunos desenharam (no retângulo da folha do texto) o querido Saci-Pererê. Quando eu falei em retângulo, aproveitei para explorar as formas geométricas e usei os blocos lógicos. Sempre que possível havia a interdisciplinaridade.

Ele bate em cachorro
Faz trança em cavalo
É feito criança
Um ser encantado!


11º PASSO: ESTUDO DO TEXTO


Nossa atividade nesse dia foi estudarmos minuciosamente o texto através da "leitura". Cada aluno ia "lendo" na folha o que a tia ia lendo no "Cartaz do Texto".
Primeiro estudamos no cartaz: fizemos a "leitura" em voz alta várias vezes, para vincularmos as ideias escritas com as ideias faladas (isso sendo feito sempre com a ajuda de uma régua, onde eu ia apantando as palavras lidas no texto escrito no cartaz). A seguir, estudamos no texto as palavras, as sílabas e as letras que já conhecíamos, ou seja, as que já tínhamos estudado em outros textos que havíamos produzidos. Dei uma folha a cada aluno e pedi que em casa eles copiassem o texto nessa folha e desenhassem também o Saci-Pererê.

Por isso à noite
Não fique sozinho
Se escutar um assobio saia de mansinho.


12º PASSO: CÓPIA DIRIGIDA


Logo no começo da aula fizemos uma "leitura" do texto: eu no cartaz e os alunos na folha. Depois passamos, então, para uma cópia dirigida do texto. Cada aluno copiou no seu caderno o texto que ele tinha na folha. Em seguida, foi a vez de cada aluno circular na cópia feita todos os encontros vocálicos encontrados, sublinhar todas as palavras e sílabas conhecidas e retirar todas as letras que não eram estranhas para eles.
A cópia é um procedimento de grande valia, pois feita sempre com um objetivo e não muito constante, induz bons resultados. Quando feita sucessivamente provoca apenas desmotivação no aluno.

E se encontrar um Saci
Comece a rezar
Pois quem viu me contou que ele dar azar.


13º PASSO: ORDENAÇÃO DO TEXTO


A essa altura os alunos já estavam bem familiarizados com o texto, pos foram capazes de fazer ligeirinho a atividade de ordenação. Para isso, eu havia copiado o texto em tiras de cartolina e coloquei-as espalhadas no centro da sala. Cada aluno teve o prazer de participar dessa atividade, ordenando o texto do Saci-Pererê no chão da sala de aula.
Logo em seguida, pedi que cada um ordenasse o texto no "Quadro de Pregas" que eu havia fixado na parede, na altura certa para que cada um alcançasse. Foi um sucesso!

Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando de uma perna só!


14º PASSO: RECORTE E COLAGEM NA ORDENAÇÃO DO TEXTO


No início da aula fizemos uma revisão das atividades do dia anterior ao ordenarmos novamente o texto no "Quadro de Pregas" e aproveitamos também para fazermos uma "leitura" oral em grupo.
A seguir, entreguei duas folhas, cola e tesoura para cada aluno. Numa folha só tinha o desenho de um retângulo e a outra folha estava   mimeografada com o texto escrito desordenadamente. A tarefa de cada um foi recortar, montar e colar o texto ordenadamente.
Foi muito divertido! No final desenharam o Saci-Pererê e pedi que circulassem no texto ordenado todas as vogais, sílabas e letras que eles conheciam.

De gorro vermelho 
E cachimbo na boca
Lá vai o Saci assombrando as pessoas!


15º PASSO: QUEBRA-CABEÇA


Êêêêba! Quanta coisa boa! Dessa vez os alunos montaram um quebra-cabeça de cada pedacinho do texto!
Para isso eu havia escrito em cartolina  e depois recortado todas as palavras e pontos que havia no texto. Na sala de aula sempre ficava o nosso "Tesouro da Classe", que era uma caixa onde eu guardava tudo que os alunos haviam aprendido nos textos anteriores.
Esvasiei o "Tesouro da Classe" e coloquei nele somente os pedacinhos do texto atual, ou seja, o texto em estudo. Em seguida sentamos em círculo no chão, coloquei o "Quadro de Pregas" no centro do círculo e pedi que os alunos ordenassem novamente o texto, dessa vez coletivamente. Maravilha!

Até aqui nós tivemos uma visão geral de todo o processo, ou seja, estudamos o texto de um modo generalizado, onde utilizamos também o Método Analítico. O próximo passo será o estudo das partes do texto para chegarmos ao nosso real objetivo: ENSINAR A LER ATRAVÉS DE SENTENÇAS.

Rabo de animal
Sempre dá um nó
Lá vai o Saci numa perna só>


16º PASSO: VISÃO PARCILA DO TEXTO



O MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO é um Método Analítico porque parte de unidades maiores, com a ideia fundamental de fazer a criança entender que ler é descobrir o que está escrito. Justificando o Método Analítico, vamos utilizar-se de uma metáfora, dizendo que, quando se apresenta um casaco a uma criança, mostra-se ele todo, e não a gola, depois os bolsos, os botões etc. Pois é também dessa forma que uma criança aprende a falar, portanto, deve ser da mesma forma que deve aprender a ler e escrever, partindo do todo, decompondo-o, mais tarde, em porções menores, quando o MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO passará a ser Método Sintético, porque parte das unidades menores para as maiores. Aí é onde podemos dizer que o MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO também se situa dentro dos métodos ecléticos, isto é, utiliza a análise e a síntese, ou seja, parte do geral para o particular e depois do particular para o geral. Melhor explicando: parte do texto para as sentenças, palavras, sílabas e letras e depois começa pelas letras, sílabas, palavras, sentenças e texto.

Verifica-se que já fizemos uma análise geral do processo, ou seja, que já estudamos o texto como um todo. Agora passaremos a estudar cada sentença do texto, separadamente. E para isso eu escrevi cada sentença em tiras de cartolina. 
O estudo de cada sentença (frase) obedece aos seguintes critérios: estudo das palavras já conhecidas, estudo das sílabas já conhecidas, estudo das vogais e consoantes encontradas. As palavras e sílabas não conhecidas ficarão para uma posterior análise.
O cartaz acima mostra que os alunos estudaram uma senteça em particular e dela foi retirado o número de vogais e consoantes. Essa atividade deverá ser realizada com todas as sentenças (frases) do texto.

Seu olho é vermelho
Feito bola de fogo
Pra pegar o Saci é só tirar o seu gorro!


17º PASSO: ESTUDO DAS PALAVRAS SIGNIFICATIVAS DO TEXTO


Você se lembra qual foi o meu primeiro objetivo ao querer produzir o texto em estudo? Lembra também quais foram as palavras significativas as quais me referi no 1º passo da amostragem? Se não lembra repetirei agora: "eu estava querendo ensinar os pedacinhos ce, ci e ra, re, ri, ro, ru (no meio da palavra) e as palavras significativas foram Saci-Pererê, porque elas contém partes desses pedacinhos".
Pois bem! Agora, depois da visão geral do texto, iremos estudar as palavras significativas do texto - SACI-PERERÊ - em letras de "mão" e de "máquina", maiúsculas e minúsculas, depois separá-las para, posteriormente, estudar cada sílaba.

Para exercitar essa atividade, primeiramente me utilizei do "Quadro de Giz", escrevendo as palavras significativas em letras de "mão" e de "máquina", maiúsculas e minúsculas, separei as sílabas delas e pedi que os alunos copiassem no caderno. Depois fizemos uma atividade oral, estudando o som dos pedacinhos separados.

Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!


18º PASSO: ESTUDO DAS SÍLABAS NOVAS
 
Nas palavras significativas, SACI-PERERÊ, os alunos já conheciam os pedacinhos SA e o PE porque já tinham sido estudadas em textos anteriores. O CI e o RE (no meio da palavra) eram as sílabas novas que eles teriam que aprender nesse texto em estudo, juntamente com seus elementos silábicos, ou seja, CE, CI e RA, RE, RI, RO, RU.
Confeccionei fichas duplas com os elementos silábicos do C e do R, em letras de "mão" e de "máquina" para a memorização ficar melhor. Apresentei essas fichas aos alunos e depois fomos "brincar" de "Jogo da Memória". Fizemos um grande círculo no chão e a turma passou a aprender por meio de brincadeira. Foi legal!
Detalhe do jogo: toda vez que um aluno desemborcava uma ficha, ele tinha que dizer o nome da sílaba ou palavra e quando conseguia formar o par ganhava pontos. Foi um sucesso!
Já no final da aula reforcei o estudo dos elementos silábicos em pauta através de um bingo de sílabas, juntamente com outros elementos silábicos vistos em textos anteriores.

Ele chega sempre
Num redemoinho
Se jogar a peneira pega esse negrinho!


19º PASSO: FORMAÇÃO DE PALAVRAS


Com a ajuda do "Quadro de Pregas" e da "Caixinha do Saber" contendo fichas com todas as sílabas estudadas nos textos anteriores e no atual, passamos para a formação de novas palavras. Como eles já conheciam todas as sílabas apresentadas, foi fácil formar as palavras e lê-las. Isso justifica que o aluno não precisa conhecer todo o alfabeto e depois todas as sílabas para poder aprender a ler. Ele pode começar a aprender a ler na medida que for aprendendo as letras e as sílabas. Ensinar o alfabeto limpo e seco e por tempo prolongado só gera desmotivação no aluno, que não entende a lenga - lenga do A, B, C, D, E, ... sem nenhum estímulo e objetivo para ele. E também é uma perda de tempo para o aluno  e para o professor. Se o aluno conhece o BO e o La ele poderá, logicamente, ler e escrever a palavra BOLA, sem perder tempo em aprender primeiro todas as letras e todas as sílabas.

Passamos grande parte da aula a formar palavras no "Quadro de Pregas". Um divertimento!

Se espetar com um garfo
A roda do vento
Ele grita de dor e sai correndo!


20º PASSO: FORMAÇÃO DE FRASES


Nessa aula coloquei todos os alunos em círculo, sentados no chão, e deixei à disposição deles a "Sacola das Palavras", contendo fichas com todas as palavras, sílabas, encontros vocálicos, letras e sinais que eles já conheciam. Tudo que tínhamos estudado nos meses anteriores estava ali naquela sacola.
A atividade proposta era que eles formassem frases. E o resultado foi positivo, pois nada ali era estranho para eles. Cada aluno formou uma frase e leu em voz alta!

OBS: Toda aula era reforçada com uma atividade relacionada para casa, preparada anteriormente. E eu pedia sempre o apoio dos pais para o bom andamento do processo.

Ele mora na mata
No clarão do luar
Até hoje ninguém conseguiu pegar.


21º PASSO: LEITURAS COMPLEMENTARES




Para a produção do texto coletivo cada aluno deu sua parcela de contribuição, ou seja, todos trouxeram para a escola algumas práticas vivenciadas em casa. A isso chamamos trabalhar levando em conta o construtivismo, isto é, aproveitar a bagagem da criança, aproveitar o que ele traz e em cima dessa bagagem fixar objetivos. Na linha construtivista o aluno constrói o seu próprio conhecimento porque se sente estimulado. E no decorrer do processo muitas práticas vivenviadas na escola também são levadas para casa.
O cartaz acima nos mostra essa realidade: de tanto ouvirem falar na escola sobre Saci-Pererê, muitos alunos trouxeram de casa algumas histórias sobre o negrinho peralta. E o mais interessante foi que eles se exercitaram para ler essas histórias, claro que com a minha ajuda! Tudo isso explica que devemos aproveitar dos alunos aquela bagagem que ele traz de casa e com ela trabalhar em sala de aula e não apenas jogar conteúdos que, muitas vezes, nada têm a ver com a realidade deles, causando-lhes desestímulos. 

Eu aproveitei as histórias trazidas por eles e trabalhei o estudo de palavras, sílabas, letras, pontos e sinais.

Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!


22º PASSO: DITADO DE PALAVRAS SOLTAS


Como eles já sabiam juntar fichas e formar palavras no "Quadro de Giz" e no "Quadro de Pregas", também foi fácil para eles escreverem palavras no gorro do Saci.
Essa atividade foi feita através de um ditado de palavras soltas, envolvendo todas as sílabas já estudadas até o texto do Saci-Pererê. Era a expressão escrita predominando.

Depois que eles terminaram o ditado, recolhi as folhas e fui corrigindo um por um, na presença de cada aluno, para tirar as dúvidas. Nunca coloquei um X ou um ponto de interrogação numa "resposta errada" do aluno, porque o mesmo está criando hipóteses para o conhecimento e se for barrado poderá atrapalhar sua aprendizagem.  Ademais, um X ou um ponto de interrogação numa hipótese de um alfabetizando não está levando-o ao progresso. Devemos sempre ver essa "resposta errada" como uma hipótese para acertar, como uma tentativa de acerto.


Ele bate em cachorro
Faz trança em cavalo
É feito criança
Um ser encantado!


23º PASSO: CRIAÇÃO DE HISTÓRIAS


Estando os alunos a par de todas as peraltices do Saci-Pererê e como já sabiam escrever à maneira deles, é óbvio que conseguiriam escrever uma história sozinhos.
E foi o que aconteceu em sala de aula. Dei uma folha mimeografada com o desenho do Saci a cada aluno e, depois de pintá-lo, escreveu um pouco sobre ele.
Tive a felicidade de ler histórias belíssimas criadas e escritas pelo próprio punho de cada um dos meus alunos. Eles conseguiram produzir, individualmente, outro texto sobre o  Saci-Pererê. Estava concluída mais uma página da nossa cartilha. O Trabalho foi árduo, mas gratificante.

Por isso, à noite
Não fique sozinho
Se escutar um assovio, saia de mansinho.

E se encontrar um Saci
Comece a rezar
Pois quem viu me contou que ele dar azar.

Lá vai o Saci
lá vai o Saci
Pulando numa perna só

Lá vai o Saci
Lá vai o Saci
Pulando numa perna só!


O ENSINO ATRAVÉS DA LINHA CONSTRUTIVISTA É COMO A ÁGUA PURA TIRADA DO COCO. E O ENSINO ATRAVÉS DA LINHA TRADICIONALISTA É COMO A ÁGUA SUJA JOGADA NO POTE, QUE TAMBÉM PODERÁ ESTAR  SUJO!

COM ESTA METODOLOGIA QUE APRESENTEI AQUI FUI PREMIADA COMO 
"A MELHOR ALFABETIZADORA DE FORTALEZA".


Por
Iolanda


 

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