“MADINHA” MARIA
Lembro-me da “madinha” Maria, nossa doméstica,
Que por todos nós tinha grande afeição.
Ela era madrinha de quase todos lá de casa,
Do meu segundo ao último irmão.
Só não era “madinha” da Dodô
Porque quando lá em casa ela “chegara”
Dodô já havia nascido, era uma flor,
Era grandinha e já se “batizara”.
"Madinha" Maria nos contava histórias
De bruxas, de fadas, de árvores de Natal,
De príncipes, de princesas, de guerras e de glórias,
De almas penas e de tudo, afinal.
Nos embalos das cantigas de ninar
Guardo na memória que minha “madinha”
Cantava “Asa Branca” pra me balançar
E eu dormia, eu era menininha...
...E não entendia que aquela canção
Que me fazia ninar como um anjinho
Trazia-lhe uma triste recordação
Do seu lar, do seu saudoso ninho.
Ela era “das bandas” do sertão de Caridade,
Lá “dos Cafundós”, onde as chuvas não caíam,
Onde a seca castigava, a fome e a necessidade
Cruzavam-se dias e noites e por lá permaneciam.
“Madinha” passou conosco muita era,
Perto de onze, doze anos, por aí...
Foi-se embora na minha primavera,
Mas a lembrança dela de mim não quis sair...
Por
Iolanda
Poema extraído do livro:
Minha Palmácia de Ontem
Nenhum comentário:
Postar um comentário