HISTÓRIA DA "MADINHA"
OU
A PRIMEIRA ÁRVORE DE NATAL
"Madinha" Maria foi uma das nossas domésticas. Leal, trabalhadeira, responsável, eis algumas de suas qualidades. Passou mais de doze anos lá em casa e, por seu grande carisma às crianças, mamãe a tomou por comadre sete vezes. Ela foi a nossa Madrinha de Apresentar; amadrinhando a mim e quase todos os meus irmãos, só não a Dodô, porque quando lá em casa ela chegou Dodô já era grandinha e já havia se batizado.
“Madinha” Maria era a tal! “Pau pra toda obra”, babá amiga, companheira, cozinheira, lavadeira, engomadeira, arrumadeira e muitas vezes, uma verdadeira Dona Carochinha! Mas não a Dona Carochinha de Monteiro Lobato, aquela baratinha sempre enfezada e de mau humor, mas uma Dona Carochinha ainda um pouco nova, pra não dizer moça velha, que gostava de nos contar histórias de fadas e bruxas, príncipes e princesas, reis e rainhas, cidade e campo, guerra e paz, castelos, lobisomens, almas penadas, assombrações... Uuui! Tudo povoado de grande suspense, onde “Madinha”, sem saber que isso não era aconselhável, procurava sempre uma maneira de nos provocar medo, agitação, concentração e grande vontade de saber o final. Nas histórias de almas e assombrações eu as ouvia de olhos fechados e, às vezes, me retirava porque sempre fui uma pessoa muito medrosa.
Os enredos das histórias eram misteriosos, porém não deixavam de ter um caráter doutrinal, ou seja, de nos incutir lições de moral, como no caso de procurar sermos respeitosos e obedientes aos nossos pais e com os irmãos sermos companheiros, amigos e tal e tal.
Eu ficava empolgada com suas "histórias de trancoso", como ela falava. Às vezes lhe perguntava o que era trancoso, mas ela não sabia explicar direito e dizia apenas que eram as histórias inventadas. E como eu tinha medo das histórias de almas, mesmo sabendo que eram inventadas! Adorava as de príncipes e princesas, isso sim!
“Madinha” sempre nos contava histórias quando terminava seus afazeres domésticos ou à noitinha, quando íamos dormir. Lembro-me que muitas vezes ela nos reunia nos batentes da escada do quintal lá de casa e viajávamos nos seus contos gostosos.
Como não tenho nenhuma foto da “Madinha”, fiquei a procurar na internet algo similar e deparei-me com esse desenho acima que é, de fato, muito parecido com o nosso aconchego na hora das contações de histórias. Quem conheceu a cozinha antiga lá de casa dar pra perceber a grande semelhança, onde “nós” estamos reunidos lá, ao lado do velho fogão à lenha. E o desenho é tão parecido que se pode ver a “Madinha” contando histórias, rodeada pelas oito crianças da casa: Dodô, Lúcia, Iolanda, Socorro, Benjamim, Neta, Joana e Elizabeth. Encostado na mesa está o Benjamim, nosso mano, que tanto no desenho como na realidade é diferente da gente na cor da pele. Está faltando somente a janelinha que dava para o quintal, que ficava ao lado dessa réstia decorativa de cebolas. Coincidência, não é?!
Porém, o objetivo primordial em escrever sobre as histórias da “Madinha” foi o desejo de expor aqui uma bela história que ela nos contou sobre o surgimento da primeira árvore de Natal; história que guardo na memória e faz-me lembrá-la toda vez que vejo alguém montando esse símbolo natalino. Ela nos contou essa lenda e a mesma nunca mais saiu da minha mente.
A lenda da primeira árvore de Natal é mais ou menos assim: era inverno na noite do nascimento de Jesus e a natureza dormia debaixo de um manto branco de gelo. Na cidade de Belém da Judeia o Céu estava belíssimo. As estrelas brilhavam esplendorosamente, enquanto na Terra as árvores choravam de frio, despojadas de suas folhas e flores. Somente o pinheirinho estava ali, verde e vicejante, árvore que tanto no verão como no inverno glacial das terras do Oriente nunca perde suas folhas e sempre se mostra majestoso.
E naquela noite nebulosa, enquanto as outras árvores derramavam copiosas lágrimas geladas, o pinheirinho imperava naquele inverno frio, não com arrogância, mas com um gesto peculiar, próprio dele mesmo.
Ali bem próximo, numa pobre gruta, se encontrava a Virgem Maria e seu casto esposo José, que tinham vindo de longe e estavam cansados de tanto procurar um lugar para passar a noite. Como na cidade de Belém da Judeia os hoteis estavam lotados, eles tinham resolvido procurar qualquer lugar para se abrigar do gelo e do frio. Protegidos, os dois rezavam ao redor de uma manjedoura. A linda jovem Maria estava muito feliz porque em poucos minutos seria Mãe: a Mãe do Redentor, a Mãe do Menino Deus!
Felizmente, para a alegria de todo aquele lugar, o Menino Deus nasceu. Nasceu Jesus! Era meia-noite! Pela obra e graça do Divino Espírito Santo nascera o Salvador do mundo! Era uma criança diferente, vinha para nos livrar dos pecados! Vinha para nos salvar! A Virgem Maria o colocou naquela caminha de capim e de repente se ouviu sons de flautas. Eram todos os anjos do Céu glorificando o nascimento de Jesus! As estrelas, no firmamento, passaram a cintilar com mais intensidade e uma abundância de anjos a descer do Céu, anunciavam o extraordinário acontecimento:
"GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS
E PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE!"
Aquele lugar, que há poucos minutos estivera triste, gélido e seco, se transformou, como num passe de mágica, num lugar maravilhoso. Tudo passou a ter ares primaveris, menos o pinheirinho. As árvores, antes tristes, de galhos secos e congelados, passaram a tomar vigor de primavera, a renovarem seus galhos, a criarem folhas e flores para glorificar o Menino Deus! E o pinheirinho sem nenhuma modificação! Por já estar verdejante e não possuir flores, não tinha como se “arrumar” para alegrar o Menino Jesus! E isso o entristeceu!
O ar se tornou perfumado com o aroma das flores e tudo ficou mais bonito e colorido! O local se tornou esplendoroso! A natureza ganhou vida! Todas as estrelas do firmamento passaram a brilhar com maior intensidade para louvar o Salvador do mundo! Muitos animais, grandes e pequenos, se avizinhavam da gruta em busca de conhecer Jesus! Os passarinhos trinavam mais alto e alegremente! Somente o pinheirinho estava triste! Nada tinha para se renovar, para alegrar o Salvador! Ele, que era o único a permanecer verde nas noites gélidas de inverno, agora era o único a permanecer como antes! Só ele não tinha flores para ofertar a Jesus! E seus galhos não serviam de presente, pois eram espinhentos e machucariam o Salvador! E com isso ele chorava baixinho! E todas as árvores perceberam aquela tristeza e nada puderam fazer!
Mas as estrelas no Céu, ao verem aquela cena, se penalizaram da árvore tristonha e resolveram ajudá-la. Todas juntas decidiram dar, cada uma, um pouquinho de luminosidade para o pinheirinho. E como um raio elas desceram do Céu e iluminaram a árvore tristonha, que, de repente se viu quase a incendiar-se! Num passe de mágica o pinheirinho ficou todo coberto de estrelas, com luzes de todas as cores, espalhando uma luminosidade nunca vista na Terra. E com isso ficou muito alegre! Enfeitado dessa forma pelas estrelas teria meios de alegrar o Menino Deus.
Ao ver aquela árvore tão linda e iluminada, o Menino Jesus sorriu e ergueu as mãozinhas para pegar aquelas luzes tão brilhantes. E o pinheirinho sorriu também e voltou a viver feliz...
Durante todo o tempo em que Jesus passou na Terra se repetiu essa mesma cena em cada aniversário Dele: as estrelas desprendiam-se do firmamento para pousar nos galhos de todos os pinheirinhos da Terra e, juntos, serem presentes para o Menino Deus. Mas depois que Jesus Cristo foi viver com seu Pai, no Céu, as estrelas deixaram de pousar nos pinheirinhos, pois resolveram subir mais alto do que já estavam para ficar mais perto da Santíssima Trindade, a fim de brilhar mais ainda naquela vida eterna.
Então na Terra, próximo ao Natal, as criancinhas começaram a enfeitar todos os pinheirinhos que encontraram, colocando enfeites os mais variados possíveis: luzes pisca-pisca, presentinhos, bolinhas coloridas luminosas, estrelinhas reluzentes, tudo para esperar a chegada do Menino Deus. Elas ofereciam o que tinham de melhor para alegrar seus corações e louvar o Salvador do mundo.
E ainda hoje, em toda época de Natal, vemos essa maravilha de cenário por todo o mundo. Os seres humanos de bons corações procuram a melhor forma de agradar a Deus feito Menino.
Que esse gesto se perpetue e que possamos a cada ano renovar nossas esperanças de um mundo melhor para aqueles que vivem afastados de Deus. Que o Menino Deus se compadeça e toque os corações daqueles que vivem no pecado para que todos, um dia, possamos compartilhar de uma grande festa no Céu.
Feliz Natal e um Ano Novo cheio de prosperidade a todos os meus amigos do Blog, Facebook, Orkut, Habbo, Sonico, MSN, entre outros... E a todos os meus amigos que ainda não aderiram a essa maravilhosa ferramenta, o computador.
Também aos meus familiares desejo tudo de maravilhoso nesse Natal e Ano Novo!
"GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS
E PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE!"
Por
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Iolanda
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