SAUDADES!
MEUS IRMÃOS
Dodô, Lúcia, Socorro, Benjamim
E as “três meninas pequenas”: Neta, Elizabeth e Joana,
Esses são meus manos, que moram em mim,
No mais íntimo do âmago que minha vida emana.
Dos folguedos que desfrutei com eles, do enleio,
Não tem páginas que caibam pra dizer.
Quanto a essas brincadeiras eu receio
De passar a vida inteira a escrever.
Mas, mesmo assim, um pequeno esboço
Tento agora de cada um deles fazer,
Porém, as ideias me surgem em alvoroço,
Elas são muitas, tenho que escolher...
...Alguma passagem importante em nossas vidas,
Pra resumi-la e em versos transformar,
Sem, no entanto, acelerar-me as batidas
Do coração quando a saudade apertar.
Da Dodô, a primogênita da família,
Tenho o legado do bom exemplo a seguir.
Ela foi-me espelho, perseverança, vigília,
Desde a branda idade do meu existir.
Da Lúcia, no meu constante recordar,
Vem-me na memória seu enorme apreço
Aos estudos, no seu labutar.
E de suas bijuterias – seu grande adereço!
Da mana Socorro tenho a relatar
Seu eterno jeito de “trabalhadeira”,
Enquanto as bonecas eu ficava a banhar
Ela banhava as manas. É uma guerreira!
Do querido Benjamim, o mano da casa,
Recordo seu modo de me “engabelar”.
Ao lembrar-me as cenas o meu peito arrasa
De saudade da infância, daquele puro sonhar.
Da minha mana Netinha, a sabida e arengueira,
Recordações dela, na infância, tenho muito pra contar.
Uma briga ela comprava, por pouco e qualquer besteira,
Porém, as manas mais velhas tinham que ir apartar.
A Neta foi, desde pequena, muito comunicativa,
Muito inteligente e muito dada com o povo.
Seu jeito bem alegre até hoje nos cativa,
Mas em criança eu ainda queria vê-la de novo.
Da mana Joana D’Arc, recordo um grande alvoroço
Quando ela se sumiu e passamos a procurar
Por todo canto da rua, nas casas, bastante esforço,
E sem nenhum resultado, começamos a chorar.
Ela era bem gordinha, as pernas bastante grossas,
Uma boneca perfeita, dessas tipo porcelana.
Não queríamos imaginar, livrai-nos oh! Santas Nossas!
De algum rapto acontecido com a linda mana Joana!
A mamãe já declarava que a tinham carregado
Por uma bala, um bombom ou mesmo por um chiclete.
Fomos lá na TV pública e por tempo demorado
Já estava a Joaninha assistindo Telequete.
A minha mana Bebeca nos braços eu a segurava,
Ela era o meu bebê, minha boneca morena.
Minha boneca dormia, minha boneca chorava
E nessa vida de sonhos eu vivia tão serena!
Minha boneca faceira, as roupas dela eu trocava,
Calçava seus sapatinhos, ela ficava sapeca.
Porém, somente uma coisa era que me atormentava:
Não podia penteá-la, era uma boneca careca.
Por
Iolanda
Poema extraído do livro: Minha Palmácia de Ontem
Nenhum comentário:
Postar um comentário