MEUS ANOS DOURADOS
Os anos 60 representaram em minha vida
O meu grande viver, o meu potencial:
A minha infância, na doce guarida
E a minha adolescência pura, sem igual.
Os anos 60, em extensão, marcaram
Meu tempo de criança, das grandes brincadeiras.
Saudades eternas que intensificaram
O correr no quintal entre as bananeiras.
Os anos 60 representaram, então,
A minha meninice e a minha juventude.
O dengo de criança e a grande paixão
De uma adolescente na doce plenitude.
Os anos 60, belos anos, sim,
A brincar na praça, em cantigas de roda.
Dançando e “flertando” nas “tertúlias”, enfim,
No ritmo do “iê iê iê”, naquela vigente moda.
Os anos 60, meus anos dourados,
Tempo de amor, tempo de criança.
Tempo de paixão, suspiros dobrados,
Linda juventude cheia de esperança.
Os anos 60, de barro as panelinhas
A fazer “guisado” no quintal de casa.
Emoção ardente nas cartas, entrelinhas,
Amor de adolescente, coração em brasa.
Os anos 60 do correr, do pular corda,
Da boca de forno e também do jogar bola.
Das festas dançantes que minha mente recorda:
As músicas! Os paqueras! De saudade o peito assola.
Os anos 60 das brincadeiras de boneca,
De bila, de cabra cega e da roda do pai Francisco.
O ping pong, a macaca, o bom jogo de peteca
E na doce adolescência daquelas festas com disco!
Os anos 60 do “collant” e da “peruca”,
Do “brilho”, do “rouge” e do “pó de arroz” também.
Do jogo de futebol, do vôlei e da sinuca,
Era o nosso acalento, era o nosso querer bem.
Os anos 60 dos vestidos de “bolinha”,
Da linda saia rodada e da blusa “cacharrel”
Enfeitando o fino corpo daquela dócil mocinha
A esbanjar, sorridente, essa moda a granel.
Os anos 60 do “twist”, aquela dança
Que empolgava os “brotos” nos embalos a “curtir”.
Era de tal forma divertida! Uma bonança!
Nos nossos anos dourados, muito prazer a sentir.
Os anos 60 dos “hippies” – “Paz e Amor”,
Da corrida espacial, do homem a pisar na Lua.
Da Guerra do Vietnã, das crises, grande terror
E daquela menina alegre cantando por toda a rua.
Os anos 60 dos “Rolling Stones” a cantar,
LP, fita K7, do “compacto” e da “vitrola”.
Da menina o devaneio, coração a palpitar
Entre a Igreja – o catecismo e os deveres da escola.
Os anos 60 da saudosa “Bossa Nova”,
Da gostosa “Jovem Guarda” e do Rei Roberto Carlos.
Daquelas “festas de arromba”, de estudar para a prova;
Da menina a requebrar naqueles doces embalos.
Os anos 60 dos sapatos “Anabela”,
Da bonita “minissaia”, das botas e da brilhantina.
Dos “brotos”, do “rock and roll”, daquela menina bela
Dos cabelos arrumados com “laquê” e purpurina.
Os anos 60 dos “Beatles”, a incrível banda,
John Lennon – o imortal, os “brotos” a desmaiar.
Elvis Presley – o americano, o grande rock comanda
E a menina suspirando, os sonhos a embalar.
Os anos 60 do “pão”, do “broto legal”,
“É uma brasa, mora!” Aqueles tempos revivendo.
E a fala da menina expressando esse ideal:
“Pode vir quente que eu estou fervendo”.
Os anos 60 dos topetes à brilhantina,
Das bonitas calças jeans e das jaquetas de couro.
E na praça a passear aquela dócil menina
Vestida de “minissaia”, bonita, dando estouro.
Os anos 60 da “ternurinha” Wanderleia,
Do Ronnie Von, Erasmo Carlos, Jerry Adriane e Wanderlei.
E a menina a assistir tudo, a fazer parte da plateia,
A pular e a gritar, a torcer pelo seu rei.
Os anos 60 do então “Tropicalismo”
No final da grande década, daquela era de glória,
Daquela era de amor e de total otimismo
E a menina a viver, a fazer parte dessa história.
Por
Iolanda
Poema extraído do livro:
Minha Palmácia de Ontem
VOU PARAR!
A SAUDADE É GRANDE!
MAS O SONHO NÃO ACABOU...
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